Covid-19: Taxa de letalidade é de cerca de um por cento mas “pode evoluir”

A taxa de letalidade por covid-19 é actualmente de cerca de um por cento que “está aquém” de valores registados noutros países, afirmou hoje a diretora-geral da Saúde.
Contudo, esta taxa pode evoluir para “outro tipo de valores”, porque Portugal tem ainda “muito poucos doentes com história de internamento muito prolongado”, ressalvou Graça Freitas, na conferência de imprensa diária das autoridades de saúde sobre a situação da pandemia do novo coronavírus, que causa a doença da covid-19.
“Nós começámos a internar e a detectar casos do dia 02 [de Março] e hoje é dia 21 e, portanto, ainda pode acontecer que alguns destes doentes venham a morrer”, disse Graça Freitas na conferência, em que esteve presente a ministra da Saúde, Marta Temido.
Portugal elevou hoje para 12 o número de mortes associadas ao vírus da covid-19, o dobro face a sexta-feira, segundo o boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS), que regista 1.280 casos confirmados de infecção.
Segundo a DGS, há 156 doentes internados, 35 dos quais em cuidados intensivos. A grande maioria (1.124) está a recuperar em casa.
Há ainda 1059 pessoas a aguardar o resultado das análises laboratoriais e 13155 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.
A região mais afectada do país continua a ser o Porto (644 casos, 4 mortes), depois Lisboa (448, 3 mortes).
Seguem-se o centro (137, 4 mortes), o Algarve (31, uma morte), a Madeira (cinco casos), os Açores (3) e o Alentejo (3).
Já a faixa etária em que existem mais infectados é a dos 40 – 49 anos (242 cidadãos doentes). Seguem-se as pessoas entre os 30 e os 39 (234). Há 18 crianças até aos nove anos infetadas com o novo coronavírus e 186 idosos com mais de 70 anos, o grupo que gera maior preocupação em conjunto com os os doentes crónicos e oncológicos. É para os primeiros – os mais velhos – que Marta Temido lança um apelo para que se mantenham vigilantes, anunciando que estão a ser desenvolvidas mais estratégias para apoiar esta população, nomeadamente, através dos lares.
Isto sem descorar a atenção aos mais novos, num discurso consonante com o do diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom, que, esta sexta-feira alertou os jovens para o facto de não serem poupados nesta pandemia. “Não são invencíveis. Este vírus pode pôr-vos a todos durante semanas num hospital ou até matar-vos. Mesmo que não adoeçam, as escolhas que fazem sobre até onde podem ir podem fazer a diferença entre a vida e a morte de alguém”, referiu Tedros Adhanom.
Profissionais de saúde queixam-se de falta de material de protecção
Há profissionais de saúde obrigados a usar as mesmas máscaras, batas e luvas em mais que um turno. Outros, até em urgências e unidades de cuidados intensivos, estão sem viseiras, protectores de sapatos ou toucas.
Os administradores hospitalares admitem falhas no fornecimento de material e risco para os profissionais.
O Governo diz que ainda é cedo para uma requisição civil às empresas para a produção de equipamentos protectores.
Está cada vez mais vermelho, o mapa que assinala a propagação do novo coronavírus na Europa. O número de infectados não para de aumentar.
Nas últimas 24 horas a Alemanha saltou para quarto lugar na lista de países mais atingidos, com 16.662 infectados e 47 mortos.
A Espanha é o segundo país europeu com mais casos. São agora 24 mil 926 infectados e 1 326 mortos.
Itália está no primeiro lugar de um pódio que ninguém deseja. Ontem contava com 47 021 infetados e 4 032 mortos. Mas os médicos dizem que poderão ser muitos mais.
Médicos e investigadores querem ter acesso imediato aos dados de todos os doentes de Covid-19 para fins de investigação científica. E já há uma petição a pedir esse acesso que conta com mais de 2400 assinaturas.
O objetivo é ajudar a encontrar respostas mais eficazes para combater a pandemia.
