“É impossível dissociar a pandemia da evolução das ciberameaças”

“É impossível dissociar a pandemia de algumas tendências na evolução das ciberameaças”. A ideia foi defendida pelo diretor do Serviço de Informações Estratégicas da Defesa, Carlos Lopes Pires, nos 42.º colóquios de Relações Internacionais da Universidade do Minho, esta quinta-feira.
Ao longo da tarde, vários convidados falaram do combate às ameaças na cibersegurança.
“A mesma tecnologia que me permite falar por videoconferência tem sido usada para realizar ciberataques. Poderemos estar perante uma nova ordem mundial cibernética, marcada pela falta de regulação a nível global, a irresponsabilidade de alguns atores que atuam nas margens do direito internacional e dificuldades técnicas e políticas para serem feitas atribuições pelas responsabilidades dos ciberataques”, referiu ainda o diretor.
Já o coronel João Manuel Assis Barbas vincou a importância da cooperação internacional na promoção da confiança no ciberespaço. O coronel lembrou ainda que, “embora o ciberespaço promova a abertura das sociedades à comunicação, inovação e atividade económica, também pode torná-las mais vulneráveis”.
“A natureza transnacional ofensiva exige que a segurança do ciberespaço seja considerada uma política puública com uma abordagem global dos governos”, acrescentou.
João Barbas assinalou ainda que “no ciberespaço não é possível garantir segurança em qualquer lugar e a toda a hora”. “O crescente número de violações de infraestruturas de informação das organizações exige um sistema de gestão de segurança para fazer um balanço de todas as ações envolvidas na prevenção”, acrescentou.
Para o coronel, “a educação e a informação são indispensáveis a todos os domínios do conhecimento para acompanhar a evolução do ciberespaço, o que requer políticas e investimentos consistentes”. João Barbas sugeriu ainda a criação de “um forum de defesa cibernética anual para trocar experiências e conhecimentos em questões relacionadas com a segurança, na cooperação e troca de informação regular neste domínio ou no apoio a organizações para criar planos de resposta a incidentes”.
Lino Santos, especialista em segurança digital da Fundação para a Ciência e Tecnologia considera que “o
ecossistema de cibersegurança de hoje mimetiza a estrutura de segurança e defesa nacional também no ciberespaço”. “Não penso que seja necessário um regime jurídico diferente para exercer o direito no ciberespaço”, acrescentou o especialista, referindo que “a cooperaçao é extremamente importante, mas é multidimensional”.
