Confiança. “Há quem queira ganhar na secretaria o que não ganha nos concursos”

O impasse relativamente à antiga Fábrica Confiança voltou hoje a ser discutido em sede de reunião de câmara. A autarquia continua a aguardar o desfecho após a contestação da empresa ABB no que respeita ao concurso para a requalificação da antiga saboaria e construção de um novo edifício no logradouro para dar lugar a uma residência universitária.
O presidente da autarquia, Ricardo Rio, assumiu que “há um risco grave” de o projeto não se concretizar e de se desperdiçarem 25Milhões de Euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). “Preocupado”, o social democrata considera que apesar das férias judiciais, a resposta do tribunal, “dada a natureza da questão, deveria ter corrido de forma célere”. “Aquilo que é hoje claro é que se a decisão não for favorável às pretensões do município, morre o projeto da Confiança. Braga perde uma residência universitária com mais de 700 quartos, a UMinho perde esse argumento do ponto de vista da fixação e de apoio aos seus alunos”, realça.
Para o autarca, a atitude da construtora ABB “é uma birra” e uma tentativa de “ganhar na secretaria o que não ganha nos concursos”, ainda que sublinhe que não condiciona as opções judiciais da instituição. Diz que perceberia esta ação se, caso fosse favorável à ABB, a mesma “beneficiasse de uma eventual adjudicação” neste processo, uma vez que o que está em causa é “uma eventual anulação do concurso”, que sem o financiamento do PRR não vai acontecer.
“PS não acredita na residência universitária”
Já Artur Feio, vereador do PS diz que nao tem memória de ver um júri a fazer uma análise de boa fé e pede outra atenção no lançamento de concursos de conceção-construção como acontecerá depois com o BRT. “Causou-nos surpresa porque nunca foi colocada em causa a obra”, disse a propósito das declarações do presidente. “Não vamos ter residência da Confiança até final de 2025, mesmo que o processo seja célere”, alerta. O socialista admite que a maioria de direita nesta fase “não tem controlo sobre nada”.
“Têm que ser muito bem definidos [os concuros de conceção-construção] porque a partir do momento em que fica aberta a possibilidade de haver uma componente de interpretação mais pessoal, estes concursos têm um índice de conflitualidade muito grande”, argumenta.
Artur Feio chamou à conversa o concurso para o BRT, também com 100Milhões de Euros do PRR, notando que este “não é o melhor caminho”. “Deve daqui sair a certeza de que o processo do BRT deve ser muito bem definido para evitarmos estas situações no futuro, enquanto Ricardo Rio afastou qualquer comparação.
Vítor Rodrigues, vereador da CDU, sustenta que “é importante aproveitar o espaço dada a falta de alojamento que se coloca”. “A nossa expetativa é que essa questão seja resolvida a bem dos estudantes e a bem dos bracarenses”, declarou.
