Comunidade portuguesa no Reino Unido “triste” com saída da UE

Muitos já se resignaram, mas o sentimento generalizado da comunidade portuguesa a viver no Reino Unido é de “tristeza”, diz Tiago Corais, um bracarense a viver em Oxford. “Sinto-me triste e penso que este é um sentimento da comunidade portuguesa, da comunidade europeia e de todos os europeus britânicos, que sentem que vai haver um corte nesta relação”, assume. Tiago Corais vai ainda mais longe na expressão do sentimento face a este último dia do Reino Unido na União Europeia e fala já de “saudade”.

O bracarense integra o partido trabalhista, derrotado nas últimas eleições e é por isso um dos portugueses pouco confiantes no trabalho de Boris Johnson. O português diz não ter dúvidas de que “muita gente que votou Brexit não vai conseguir ver o que queria, a melhoria da sua qualidade de vida”.

Desde sábado, 1 de Fevereiro, o Reino Unido deixou de estar representado nas instituições europeias, iniciando-se um período de transição até 31 de Dezembro de 2020. Durante este período, grande parte da legislação da União Europeia continuará a aplicar-se em solo britânico, com algumas excepções.

A economia é uma das grandes preocupações. O risco de saída de algumas empresas daquele país existe, mas o bracarense opta por um tom mais tranquilizador e admite que “ainda é cedo perceber o que é que poderá vir a acontecer”. “Se for um acordo económico benéfico para ambos, claro que sim. Se criar muitas mudanças, penso que poderá haver novamente aquilo que é a indefinição e, por exemplo, aquilo que aconteceu em Março e em Dezembro, quando algumas empresas, sobretudo do sector automóvel, fecharam nesse período para poder mitigar todos os riscos de uma instabilidade criada pela saída do Reino Unido”, defende. 

Outro dos portugueses ouvido pela RUM, Diogo Cunha, famalicense e antigo estudante da UMinho a viver em Londres, disse não sentir, para já, o impacto da saída do Reino Unido. Para permanecer no país, conta, foi necessário pedir uma espécie de visto, cuja resposta foi muito rápida. “Basicamente criaram um programa onde os residentes europeus no Reino Unido podem enviar uma carta para ter direito de residência. Não senti nada, tenho o visto”, conta, ainda que não seja o definitivo, uma vez que está no Reino Unido há menos de cinco anos.

“Pessoas estão mais alarmadas com o coronavírus do que com a saída do Reino Unido da UE”


Em Londres encontramos ainda Cátia Guimarães. Natural de Braga, a antiga estudante de Línguas Aplicadas da UMinho vive na zona de Ealing Broadway há já alguns anos. No dia em que o Reino Unido deixa a UE, no local onde Cátia está “não se nota muita movimentação”, já que, segundo a bracarense, “as pessoas estão mais alarmadas com os dois casos de coronavírus, confirmados no Reino Unido”. 

“Para a maioria é um momento triste. A decisão afecta muitos europeus, foi complicado mas a maior parte das pessoas já aceitaram e agora é ver como vamos sair do período de transição”, comentou Cátia Guimarães. 


A antiga estudante da UMinho afirma ainda que “há alguma apreensão em relação ao futuro”, já que houve mudança nos estatutos. “Têm os Settled para europeus, que é um bocado incerto porque a legislação pode mudar. Eu candidatei-me a cidadania, tive sorte mas não é para todos. Eu ando com muitos mais documentos do que andava antes”, explicou. 

Cátia Guimarães garante que nunca teve nenhum episódio de ressentimento por ser portuguesa e considera que só se poderão tirar mais conclusões depois de passado este período de adaptação.

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Elsa Moura
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