Com deficiência motora, vimaranense forçado a vir várias vezes a Braga para resolver problemas na Segurança Social

Jorge Olímpio é natural de Guimarães, tem uma deficiência motora e viu-se forçado a vir mais do que uma vez à Segurança Social de Braga para resolver o mesmo assunto. Além de outros constrangimentos, o vimaranense denuncia o facto de não ter sido respeitado o direito ao atendimento prioritário.

Com agendamento para esta segunda-feira, 16 de janeiro, às 10h30, este cidadão chegou ao edifício às 10h17. Dispunha da senha número 40. Às 10h27, ou seja, três minutos antes da hora marcada chamaram o número 41. Seguiram-se mais seis pessoas. Jorge Olímpio foi chamado às 10h49.

Segundo relatou à RUM, terá sido obrigado a realizar diferentes agendamentos para obter informações sobre mesmo tema, além de não ser respeitada a senha prioritária.

Com residência em Santo Tirso de Prazins, concelho de Guimarães, Jorge Olímpio levantou-se às 05h00, para poder levar o filho ao trabalho e ter carro para se deslocar até Braga. O percurso de ida e volta são 80 quilómetros. “Gasto gasolina e perco tempo. Para tentar resolver um assunto, posso ter que vir cá quatro ou cinco vezes. São 200 quilómetros”, começa por referir.

Depois de se deslocar à Segurança Social de Guimarães e ter sido reencaminhado para Braga, Jorge Olímpio procurou obter esclarecimentos a duas questões relacionadas com a reforma: o número de anos de descontos e o valor estimado da pensão de velhice.

“Eu estou na Segurança Social, sou informado sobre os anos de descontos e depois tenho que vir cá outra vez para a senhora ao lado me dizer qual o valor que vou receber”, denuncia, lamentando que “para todos os assuntos tenham que ser feitos vários agendamentos”. “Hoje, só fui atendido porque disse que tinha a comunicação social à porta. Estou em Braga, quero ir à Segurança Social resolver um assunto e tenho que ser atendido, estão a roubar-me um direito que é o atendimento prioritário”, denunciou.

“Ver pessoas idosas a pedir por clemência para serem atendidas é intolerante”

Além destas questões, o vimaranense revelou que, recentemente, agendou uma reunião por videoconferência para tentar resolver outros assuntos, mas a técnica que procedeu ao atendimento era do sul do país e não dispunha de informações sobre a situação. Por essa razão, voltou a ser reencaminhado para o centro distrital da Segurança Social de Braga.

Um dos três assuntos que pretendia resolver,exigia uma resposta até 22 de dezembro. Nesse dia, recorda, esteve na Segurança Social de Braga, mas, como o seu agendamento era para outra área, terá sido informado de que era necessário reagendar uma outra reunião. O problema, diz, é que os agendamentos já estavam a ser programados para janeiro. “Foi-me dito que os agendamentos iam ser só a partir de janeiro, depois de esgotados os que já estavam, ou seja, já começam a acumular serviço”, lamentou ainda.

No site da Segurança Social, é referido que o cidadão deve chegar com antecedência de 15 minutos para assegurar que é atendido.O atendimento por marcação é um serviço que permite o agendamento com dia e hora previamente definidos. 

Jorge Olímpio diz que é preciso alterar estes procedimentos e lamenta situações com as quais se tem deparado nas suas diferentes visitas à Segurança Social e que acabam por afetar outros cidadãos. “Ver pessoas idosas, que não sabem resolver nada, e a pedir por clemência para serem atendidas é intolerante. [Os funcionários] pegam nos impressos, entregam e viram as costas”, exemplificou o vimaranense, procurando alertar para o que diz ser a “frieza” dos próprios funcionários da Segurança Social perante determinadas situações.

A propósito das questões denunciadas por Jorge Olímpio, a RUM tentou obter mais esclarecimentos junto da direção da Segurança Social de Braga e do ministério tutelado por Ana Mendes Godinho, mas, até ao momento, não obteve resposta.

Segundo apurou a Universitária, junto de uma fonte ligada ao direito civil, em causa está “um abuso e violação do direito de cidadão, neste caso, com deficiência, de aceder ao devido atendimento administrativo”.