Presidente de Gualtar. “CMB não tem sabido investir na freguesia que mais cresceu”

O presidente da Junta de Freguesia de Gualtar, João Vieira, considera que o Município de Braga não tem correspondido às necessidades associadas ao crescimento da freguesia. A questão foi admitida em entrevista ao Campus Verbal, na noite desta terça-feira. Gualtar foi a freguesia que mais cresceu em Braga em termos percentuais. Segundo os censos de 2021, habitam aqui perto de sete mil pessoas, ainda que segundo o autarca sejam muitas mais, tendo em conta o número de estudantes da UMinho que preenchem centenas de fogos sem contrato de arrendamento.

Lembrando que as freguesias não têm dinheiro para fazer obras, João Vieira assume que o executivo “está condicionado à vontade do Município”. Este ano vão ser intervencionados dois equipamentos educativos em Gualtar: a escola básica e o jardim-de-infância, mas o atraso desta requalificação há muito reivindicada irá, por seu turno, atrasar outros investimentos “importantes”. “Estas duas já vêm de mandatos anteriores e continuam por executar. Pelo seu atraso condicionarão as “próximas obras urgentes”, refere o autarca eleito pelo PS, dando como exemplo o cais de embarque e desembarque, a rotunda da farmácia, a intervenção na N103, a intervenção nalgumas ruas degradadas, assim como loteamentos com passeios degradados. 


“Há um conjunto de necessidades que demoram demasiado tempo a serem executadas. A freguesia cresceu 28% nos últimos censos e está muito longe de ser aquela em que a câmara investe mais, quando isso seria lógico”, afiança. “Gualtar tem um nível de exigência cuja velocidade de resposta não está adequada. Não houve por parte de quem decide a capacidade de avaliar o que é que seria mais e menos urgente”, acrescenta.


O presidente da Junta de Freguesia de Gualtar estima que residam na freguesia muito mais pessoas do que as que constam nos censos, até porque muitos apartamentos são ocupados por estudantes, docentes e investigadores da UMinho e do INL. “A percentagem é significativa e temos espaços na freguesia onde residiam vinte famílias e que hoje terão noventa estudantes a residir. Isso causa pressão no dia-a-dia”, explica.

Além disso, o Centro de Saúde conta com mais de cem mil utentes e as escolas acolhem crianças de freguesias próximas de Gualtar. Todos estes espaços estimulam a circulação de muitos não residentes.

Entretanto, através do PRR, a CMB cedeu um terreno onde vai nascer uma creche para dar resposta, primeiramente, a trabalhadores do Hospital de Braga e da Universidade do Minho.

“Defendo que as freguesias deviam receber mais do IMI, via Município”


A cada quatro anos, os habitantes de Gualtar pagam mais de seis milhões de euros de impostos, segundo as contas de João Vieira. Na opinião do presidente da junta de Gualtar, a percentagem que as freguesias recebem é “muito residual” e deve ser reforçada para dar outra capacidade à junta de freguesia. “O valor é entregue ao município. Defendo há muitos anos que este modelo deve ser usado e as freguesias deviam ter outra percentagem para intervenções de escala média ou menor escala. O que o município dá fica muito aquém”, argumenta.

Parque Ecomonumental das Sete Fontes será “importante” para Gualtar


Com a abertura, no futuro, do Parque Ecomonumental das Sete Fontes, os gualtarenses terão acesso direto ao parque, mas também ao Hospital de Braga, sendo certo que uma parte significativa da zona de urbanização do complexo respeita à freguesia de Gualtar, algo sublinhado pelo autarca. 

“Temos esperança no parque das Sete Fontes. Tem uma mancha significativa de construção que vai abranger a freguesia, com infraestruturas que nos vão ligar ao Hospital e ao parque. A maior parte do parque está em Gualtar”, lembra, antecipando “crescimento” e outra capacidade de resposta de residência para a população.

O autarca pretende ainda erguer um parque de lazer que liga diretamente às Sete Fontes, mantendo um “corredor ecológico” até à serra do Carvalho.

A antiga escola de Gualtar será reconvertida num centro cívico. Até ao final do mandato, o presidente da Junta de Freguesia de Gualtar pretende ainda ver concluído o processo do campo de Futebol de Gualtar, um projeto entre a UMinho e o Município de Braga. “É pedir obras que se justificam e que vão ter uso, a câmara tem essa obrigação de dar resposta aos novos jovens”, conclui.

Recandidatura em 2025 não é colocada de parte


A desempenhar funções de presidente pelo segundo mandato consecutivo, o socialista diz que o processo autárquico de 2025 não é o que o preocupa no momento. Remete uma decisão para depois de uma discussão ampla com os restantes membros do executivo que o acompanham. “Entramos neste projeto num espírito de equipa e esse espírito vai prevalecer até ao fim. Na altura terá que ser discutida entre todos e escolheremos o melhor caminho. Se for importante cá estarei, mas não faço disso ponto de honra”, responde. Sobre a liderança, diz que “pouco importa” se todos partilharem da mesma dinâmica já que as freguesias “não são os seus presidentes”, nota.


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Elsa Moura
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