100ª Página integra rede para combater problemas do mercado livreiro

40 livrarias independentes juntaram-se para enviar uma carta ao Governo a reivindicar medidas que ajudem o sector a combater a crise económica que se avizinha. A 100ª Página, situada em Braga, é um dos membros que integra a RELI – Rede de Livrarias Independentes, criada oficialmente na quinta-feira.

Numa carta aberta em que o Executivo é o principal destinatário, o movimento alerta para dificuldades antigas e recentes desta área comercial e propõe um caderno de encargos, no qual está contemplada uma linha de financiamento para o sector, o cumprimento da Lei do Preço Fixo e uma atenção redobrada à especulação imobiliária.

Helena Veloso, co-proprietária da 100ª Página, explica que, com o fecho por tempo indeterminado destes estabelecimentos, “as encomendas fazem-se apenas por correio, ou seja, as vendas são muito residuais”. “Vai ser complicado pagar as rendas no futuro. O Governo tem que apoiar”, afirma.

A responsável pelo espaço bracarense refere também que, na maior parte dos casos, tratam-se de micro-empresas, em que os donos são os únicos funcionários. Helena Veloso avisa que, neste momento, o conjunto de apoios disponibilizados às empresas “não inclui os sócios-gerentes”.

Apesar de ainda ser uma incerteza relativamente aos seus danos colaterais, a crise económica causada pela pandemia faz recordar os proprietários destas livrarias do impacto que a crise de 2008 teve no sector. Esse panorama levou ao fecho de muitos destes espaços. 


Por isso, Helena Veloso salienta a importância de haver “uma união” para evitar que isso aconteça. “A nossa sobrevivência vai depender muito se, de facto, nos juntamos, se temos alguma voz e um posicionamento mais activo e mais forte no mercado do livro”, refere.



Rede de Livrarias Independentes quer outra atitude do Governo na aquisição de obras

A juntar às exigências directamente relacionadas com a crise pandémica, a RELI pede também tomadas de posição do Governo em matérias mais estruturais. Uma delas está relacionada com as compras institucionais. Helena Veloso explica que, “quando há aquisição pública de livros, muitas vezes, as livrarias independentes não são contempladas”.

A co-proprietária da 100ª Página dá o exemplo de que o Estado, na maior parte dos casos, vai “contratar 

diretamente às editoras porque têm uma maior capacidade negocial”. “A opção devia passar pela compra nas livrarias mais próximas”, acrescenta.


Além de alertar para os problemas do sector, a Rede de Livrarias Independentes já lançou duas campanhas de promoção da leitura junto da população: ‘Livraria às cegas’ e ‘Fique em casa, mas não fique sem livros’

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Tiago Barquinha
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