Centenas de professores concentram-se à porta das escolas de Braga

Centenas de professores estão, esta quinta-feira, em luta, à porta das escolas, em todos os concelhos do distrito de Braga. A greve é convocada por oito organizações sindicais e realiza-se hoje, de forma particular, neste distrito. Ao longo da manhã, os professores participam na ação “Todos na Escola” e concentram-se à porta dos seus respetivos locais de trabalho.

Ao início da manhã desta quinta-feira, a RUM acompanhou a ação de luta na Escola Básica 2,3 de Lamaçães, onde lecionam mais de oitenta professores.  Quase todos aderiram à greve. Ainda sem dados oficiais sobre a adesão à greve no distrito, Lurdes Veiga, do Sindicato de Professores do Norte, estima uma grande mobilização.

Lurdes Veiga afirma que os mais recentes anúncios do governo são “insuficientes”, exigindo “medidas concretas”. Sobre o recrutamento, alerta que “é apenas um dos problemas” e avisa que “é crucial recompor a carreira, para quem está, e para quem vai entrar”. “Se não o fizermos, vamos deixar uma carreira desfeita aos futuros professores. Não há forma de atrair novos professores, nem de atrair o ânimo dos professores para a profissão”, continua. Sobre a organização do horário de trabalho da classe docente, a representante sindical refere que “é premente dar tempo aos professores para se dedicarem aos seus alunos”.

“Um país que põe a escola em último, nunca estará em 1º”. Esta é a mensagem mais visível que os docentes envergam, numa faixa, junto a este estabelecimento de ensino.

“Senhor Ministro, pára e escuta, tens os professores numa tremenda ‘luta,ta’. Pelos alunos, pela educação, dá valor a esta ação!” é um dos cânticos que entoam pelo meio de apitos e buzinas.

Professores com várias décadas de carreira em greve por solidariedade com os colegas mais novos

A solidariedade é visível nestas ações. Na EB 2,3 de Lamaçães, vários professores que se juntaram ao protesto, junto ao portão da escola, não fazem parte do núcleo de precários.

Olga Basto, docente de Matemática há 37 anos, é um dos exemplos. “Há uma degradação cada vez maior da profissão. Esta luta é muito importante. A união faz a força e é importante estarmos aqui todos”, começa por afirmar. A professora lembra que “as pessoas não querem a casa às costas” e teme pelo futuro da profissão. “Vai ser muito difícil convencer jovens a vir para esta profissão. As condições de vida e de trabalho que os professores mais novos têm são difíceis. Até eu fico admirada quando oiço o testemunho de alguns colegas. Muitas vezes não temos a noção da precariedade dos professores mais novos”, alerta.

Rosália Camarinha é mais uma das professoras em greve por solidariedade. Recorda que há trinta anos, os professores “vinham para a escola felizes, vinham mais cedo e saíam mais tarde”. “Agora vejo os colegas felizes por envelhecerem, porque estão mais próximos da idade da reforma”, desabafa. 

Reiterando que “é feliz na sala de aula”, não compreende o estado de degradação a que a escola chegou. “Nós não perdemos a vocação, de todo, mas foram sucessivas décadas em que maltrataram a escola pública”. Também por essa razão, diz temer “pelo presente e pelo futuro dos jovens alunos”. Para estes docentes restam poucas dúvidas: “As políticas da tutela estão a destruir a escola pública”.

Alunos sem aulas um pouco por todo o concelho de Braga

Ao que a RUM apurou, no concelho de Braga, poucas são as turmas com aulas esta quinta-feira. Todas as Escolas Básicas e Jardins de infância do Agrupamento de Escolas Oeste estão encerradas. Na Escola Básica do Carandá estão apenas duas turmas com aulas. Todo o restante agrupamento está fechado.

No Mosteiro e Cávado, a EB 1 de Panóias está encerrada e as restantes estão abertas. Sem aulas estão os jardins de infância de Panóias, a EB1 de Merelim S. Pedro e a EB1 de Padim da Graça.

(Notícia em atualização)