Censura e pressões internas. Elementos das concelhias do Chega exigem eleições na distrital

Incoerências graves com os valores do Chega, censura e pressões internas da parte do presidente da distrital, Filipe Melo. Estas são algumas das denúncias e críticas dos elementos demissionários das concelhias de Amares, Barcelos, Esposende e Famalicão que exigem eleições na distrital de Braga.

Numa conferência de imprensa que teve lugar, esta quinta-feira, na Junta de freguesia de S. Vítor, a tomada de posição começou pela leitura, por Paulo Martins, de um comunicado em que revelam que a 11 de janeiro de 2022, “um grupo de militantes de Braga esteve com André Ventura, em Tomar”, onde lhe entregou um “dossier onde constam várias irregularidades de pessoas ligadas ao partido”, nomeadamente Filipe Melo.

Em causa estão processos que estão a decorrer nos tribunais de Braga e Vila Nova de Famalicão. Contudo, as provas apresentadas não são apenas referentes ao presidente da distrital de Braga do Chega. Segundo Paulo Martins existem mais militantes do partido que não seguem os valores do partido, porém não revelam nomes aos jornalistas, adiantando apenas que existe mais um caso na distrital.

“Esta caça incessante da liberdade de expressão dos militantes não faz parte da nossa educação, nem do que procuramos para o futuro. A política não pode ser um coro de palavras bonitas. Há muito que deixamos de idolatrar qualquer coisa ou pessoa, não aceitamos agendas próprias e não permitimos que nos comprem ou manipulem. Estas demissões são resultado de uma luta pela verdade e bom nome de todos nós. Não somos nem nunca seremos políticos do sistema”, afirma.

As acusações ao presidente da distrital não ficam por aqui, Vítor Sousa, presidente da concelhia de Vila Nova de Famalicão, revela que Filipe Melo persegue e ameaça os militantes com a sua expulsão. “Estamos em 2022, um partido que se diz democrata não pode censurar a liberdade de expressão” dos seus militantes. Vítor Sousa é um dos elementos demissionários e garante que consigo caiu toda a estrutura da cidade famalicense. Para já não pensa em desfiliar-se.

Situação distinta acontece em Amares, visto que Jorge Afonso, eleito deputado na Assembleia Municipal, já comunicou ao presidente a renúncia ao lugar e anunciou a sua desfiliação do partido.

Das oito concelhias do distrito de Braga apenas duas abstêm-se destas questões, sendo que Vila Verde viu a sua concelhia exonerada por Filipe Melo, visto que o então cabeça de lista à Câmara, Fernando Silva (conhecido como Feitor), convidou o antigo presidente da autarquia, António Cerqueira, para a Comissão de Honra, apesar de saber que tinha sido condenado por corrupção a uma pena de prisão efetiva. No caso da concelhia de Terras de Bouro, esta afastou-se do partido.

Concelhias pedem “um processo eleitoral claro e transparente” na distrital de Braga.


Paulo Martins, como porta-voz, declara que os militantes do Chega de Braga não se identificam com o líder da distrital de Braga, logo pedem que “com a queda da distrital” seja feito um processo eleitoral claro e transparente”. Durante a sessão nenhum elemento anunciou uma candidatura.

Eugénia Santos, que apresentou demissão depois de ter sido suspensa por três meses por críticas ao presidente da Distrital de Braga, Filipe Melo, diz-se desiludida com André Ventura, na medida em que agiu de forma totalmente contrária ao que defende publicamente. Uma atitude com a qual não se revê.

A ex vice-presidente da distrital de Braga aproveitou o momento para questionar deixar uma questão à Comissão de Ética do partido. “Gostava de lhes perguntar se é ético ter um deputado com este comportamento na Assembleia da República”, apontam.

No caso de Barcelos, Agostinho Mota, que foi candidato à presidência da Câmara Municipal de Barcelos, descreve Filipe Melo como “mentiroso”, visto que internamente retirou-lhe a confiança política, mas o processo nunca viu a luz do dia. Recorde-se que a concelhia barcelense já havia retirado a confiança política à Distrital de Braga. Agostinho Mota vai apresentar a demissão de toda a estrutura, porém nesta fase não pretende avançar com a desfiliação do partido.

Filipe Melo está acusado pelo Ministério Público.


O presidente da Distrital de Braga e agora deputado na Assembleia da República, tem uma dívida de 80.493,55 euros. Filipe Melo foi condenado pelo Tribunal de Braga na sequência de três processos de execução.

O nome do deputado consta três vezes na lista pública de execuções: a mais antiga, de 2 de novembro de 2020, de 75.575,90 euros, outra, de 13 de fevereiro de 2021, de 4146,65 euros, e uma de 29 de novembro de 2021, de 711 euros. 

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Vanessa Batista
Vanessa Batista

Jornalista na RUM

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