CCVF acolhe espetáculo que questiona a liberdade individual e coletiva

O Centro Cultural Vila Flor (CCVF), em Guimarães, acolhe, este sábado, o espetáculo ‘Ensaio de Orquestra’. Trata-se de uma adaptação do filme com o mesmo nome de Federico Fellini, com direção de Tónan Quito e música de Filipe Melo.
No filme, uma orquestra de música clássica encontra-se num oratório para ensaiar, no espetáculo é a Orquestra de Jazz do Hot Club de Portugal e o ponto de encontro é o palco do CCVF. À RUM, Tónan Quito, revela que o espetáculo “questiona a liberdade individual e coletiva”.
Em ‘Ensaio de Orquestra’, o coletivo está à beira da rutura. Os músicos provocam-se constantemente e revoltam-se contra o maestro. Federico Fellini antes, e agora Tónan Quito, utilizam a orquestra como uma metáfora de uma sociedade em crise. Apesar da narrativa do filme e do espetáculo ser semelhante, o conflito é solucionado de forma diferente.
“No filme, quando o caos está instalado e o sítio de ensaios é destruído por uma bola gigante, a orquestra revolta-se, mas o maestro acaba por voltar a controlar e a exercer o seu poder. No espetáculo, a orquestra revolta-se, mas quando o maestro tenta restabelecer a ordem, ela já não quer tocar, acabando o próprio maestro por desistir e sair. Os músicos voltam a reunir e a descobrir o prazer de tocarem juntos”, explica o encenador, que considera que este novo final “faz mais sentido nos dias de hoje”.
Segundo Tónan Quito, o que se pretendeu com esta adaptação foi “mostrar que há outras soluções”. “Nas alturas de crise é quando aparecem os momentos mais extremos e mais facilmente se impõe uma ditadura, mas não tem que ser assim, podemos coletivamente encontrar uma outra solução, uma outra maneira de nos organizarmos, sem passar por uma opressão”, aponta.
‘Ensaio de Orquestra’ sobe ao palco, este sábado, às 21h30.
