Braga:Proprietários de restaurantes “desesperados” pedem lay-off adaptado

Uma centena de restaurantes da cidade de Braga juntou-se para exigir um lay-off adaptado ao Governo. Os proprietários de restaurantes da cidade estão “desesperados” e pedem apoios que evitem o encerramento massivo e a colocação de mais de 1000 pessoas no desemprego.
Face às dificuldades que centenas de famílias estão a atravessar com a chegada da covid-19, desde 16 de Março são, pelo menos, 1140 os postos de trabalho em risco só no concelho bracarense.
Tiago Carvalho, porta-voz da nova plataforma intitulada URBAC 19, explica que em Braga paira o “desespero”, que se reflecte precisamente na rápida união de tantos empresários do sector.
“É uma situação muito, muito complexa e de desespero. Veja só, para reunir estes restaurantes em pouco tempo é porque a situação é muito complexa”, começa por referir. Este conjunto de empresários refere que as medidas que pedem, sendo aprovadas, “estarão muito longe do investimento já feito pelo Estado noutros sectores, nomeadamente na banca”. “Não estamos a pedir nada demais e é a primeira vez que a restauração se vê no estado a que chegamos neste momento”, acrescenta.
Entre as reivindicações dos restaurantes da cidade de Braga está um lay-off adaptado. “O Estado assume o pagamento a 100% dos nossos colaboradores durante o período do estado de emergência. Enquanto estamos encerrados, o que é que vamos fazer com os nossos colaboradores? Como é que vamos suportar os custos de pagamentos deles se não estamos a produzir, se não estamos a gerar riqueza?“, questiona. “O Estado tem que arranjar uma ferramenta, ou através do IEFP, da Segurança Social, tem que assumir esse pagamento”, continua. Tiago Carvalho realça que o lay-off que o Estado sugere à restauração é colocar os empresários a pagar, mas na restauração, avisa o porta-voz, “o problema é de tesouraria”.
Outra das grandes preocupações está no momento da reabertura, depois da pandemia. Os empresários avisam que a população vai demorar até se sentir segura para voltar a entrar num restaurante. A URBAC-19 diz que nos primeiros três meses pós estado de emergência, o Estado deve “comparticipar em 50% o salário dos colaboradores”. “A retoma vai ser complexa e demorada, não vai ser do dia para a noite abrir as portas e estão aqui os clientes. Vai haver um período de desconfiança, o cliente vai ter que se habituar. São novos tempos”, reitera.
Além disso, refere Tiago Carvalho, estes empresários “não querem uma suspensão das contribuições”, mas sim “a isenção das contribuições e demais impostos à Segurança Social”. “Suspender é adiar o pagamento para a frente e nós não sabemos como vai ser o nosso futuro”, justifica.
Tiago Carvalho vai mais longe e pergunta se o anúncio de 1200 despedimentos na Bosch seria encarado com a mesma preocupação do anúncio do mesmo número de despedimentos no sector da restauração. “Se em Braga a multinacional Bosch disser que vai despedir 1200 colaboradores por causa do covid-19, será que o silêncio de quem governa é o mesmo que vai ser connosco?“, aponta.
Os empresários da restauração consideram que as medidas que estão a ser anunciadas discriminam o sector
“As medidas que estão a ser tomadas são a pensar nas micro-empresas, mas nunca foram pensadas para a restauração. “Os restaurantes foram inibidos de trabalhar, não conseguem trabalhar, acabou”, avisa, lembrando que noutros sectores “há micro, pequenas e médias empresas que vão laborando, gerando alguma receita, ainda que com quebras de facturação mas onde vai havendo algum fluxo”, analisa.
O manifesto pela salvação de restaurantes já chegou às mãos do presidente da Câmara Municipal de Braga e da Associação Comercial de Braga, além do Governo e da Presidência da República.
*Com Tiago Barquinha Gonçalves
