Duas mulheres assassinadas em Braga e seis tentativas em 2020

Maria Isabel Salgado Martins, de 63 anos, viúva, foi encontrada sem vida em sua casa. Foram detetados sinais de violência, mas nenhum suspeito foi identificado. Maria foi a primeira vítima de 2020, em Braga, e a primeira a ser mencionada no Relatório Anual de 2020, do Observatório de Mulheres Assassinadas (OMA).
Segue-se, em março, Carla Barbosa, 36 anos, assassinada pelo marido, por asfixia, uma semana após pedir o divórcio. Mais tarde, em Novembro, Maria da Graça Ferreira, 69 anos, foi assassinada pelo homem com quem mantinha um relacionamento amoroso ocasional em sua casa, também por asfixia.
Os números do ano passado revelam que, 35 mulheres foram assassinadas. Dezanove foram vítimas de femícidio e 16 assassinadas em ouros contextos. Destas, duas vítimas pertencem ao distrito de Braga, uma é de Famalicão, a outra da cidade dos arcebispos.
No mesmo ano, há registo de 57 tentativas assassinato. Braga é, mais uma vez, um distrito em destaque. Juntam-se Lisboa, Porto e Faro. No distrito, o concelho de Vila Nova de Famalicão apresenta o número mais elevado de tentativas registadas: duas. Guimarães, Fafe, Braga e um local omisso do distrito contam com uma tentativa.
“A maior parte das mulheres que sofreram tentativa de femicídio, no contexto de intimidade, são mulheres que se situam entre os 36 e os 40 anos. Em muitas destas situações existia violência doméstica prévia, muitas vezes conhecidas por outras pessoas. A UMAR e o Observatório consideram fundamental que haja uma maior envolvência por parte da sociedade na proteção das vítimas, ajudá-las a denunciar os casos de uma forma segura e ajudá-las e encontrar ajuda especializada para que se consigam separar de relações abusivas de uma forma segura”, disse em entrevista à RUM Cátia Pontedeira, do Observatório de Mulheres Assassinadas.
Há ainda registo de vários casos de assassinato ou tentativa de assassinato de mulheres entre os 51 e os 74 anos e acima dos 75 anos.
No primeiro semestre de 2021, pelo menos duas mulheres foram assassinadas por mês, segundo a União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), que contabilizou 14 mortes, seis das quais em contexto de intimidade.
Há ainda registo de 27 tentativas de assassínios, sendo que 23 foram tentativas de femicídios em contexto de relações de intimidade.
Recorde-se que, em 2019, havia registo de “dois femicídios, quatro tentativas de femicídio e uma tentativa de assassinato”.
No país, contaram-se “16 femicídios e 43 tentativas em relações de intimidade, 12 assassinatos em contexto de relações familiares e dois assassinatos noutros contextos”. Na sequência destes crimes, “21 filhos que ficaram órfãos”.
