Bracarenses duvidam da eficácia das medidas adotadas pelo Governo

Depois de António Costa ter anunciado ao país as medidas que o Governo decidiu a adotar para o confinamento que inicia à meia-noite, a RUM foi para a rua perceber o que pensam os bracarenses sobre as limitações impostas.
Na generalidades, as pessoas entendem ser necessário o recolhimento obrigatório para conter os números crescentes e, de alguma forma, ajudar o sistema de saúde no combate à doença, mas nem todas as decisões são bem vistas.
A exceção que se prende com o calendário democrático das eleições presidenciais, a permissão para cerimónias religiosas e o encerramento do comércio são alguns dos exemplos que não merecem o consenso das pessoas.
“Vão manter muita coisa que não era necessária aberta”
Sónia Ramoa é florista no Mercado Municipal de Braga, que vai manter as portas abertas, pelo menos para os produtos essenciais. Até ao momento em que a RUM esteve no espaço, Sónia ainda não sabia se a sua atividade estava incluída nas permissões ou não. “Deviam-nos mandar todos para casa para ver se isto limpava de uma vez por todas, não é uns ficarem e outros irem”, apontou.
A florista não concorda com “escolas, igrejas e cemitérios abertos”. “Vão manter muita coisa que não era necessária aberta. Não sei se estas medidas vão ser suficientes, penso que não”, afirmou.
“As pessoas precisam de viver”
Maria Quinteiro não está totalmente de acordo com a posição governamental. “Acho que podia reduzir o horário do comércio, mas não fechar, porque as pessoas precisam de viver”, disse a comerciante lembrando a situação dos feirantes, que voltam a ser impedidos de realizar atividade. Maria duvida ainda da capacidade do Governo em continuar a apostar no lay-off, assim como na possibilidade dos empresários manterem atividade, algo que poderá vir a implicar o aumento do desemprego. Outro aspeto que não merece a compreensão de Maria Quinteiro é a exceção aplicada às eleições de 24 de Janeiro. “Não concordo, se não podemos fazer umas coisas, também não devíamos fazer outras”, referiu.
“Não é o Governo que tem culpa, são as próprias pessoas, que não têm responsabilidade”
Ao contrário de Sónia, Maria da Graça concorda com a decisão de manter as escolas abertas, referindo que é necessário “ter todos os cuidados” para que o seu funcionamento não comprometa a saúde pública.
“Não é o Governo que tem culpa, são as próprias pessoas, que têm falta de cuidado e não têm responsabilidade”, criticou. Da mesma opinião é Cecília Fernandes, ainda que esteja contra o confinamento em Janeiro considerando que teria sido necessário “antes do Natal para não chegarmos a este ponto”. “Acho que não vai ser só um mês”, disse à RUM. Cecília concorda, por exemplo, com a permanência das celebrações religiosas. “No final da missa, desinfetam tudo, têm álcool gel e as pessoas estão separadas”, justificou.
“Não sei até que ponto um mês de contenção de pessoas ou a aplicação destas medidas, que não são perfeitas, vai ajudar”
Uma visão diferente, quanto às celebrações religiosas, tem a jovem Eunice Costa. “Acho mal, se é um confinamento é um confinamento. Eu assito à igreja pelo zoom, para reduzir o contacto”, asseverou.
A jovem de 24 anos, considera que teria sido mais oportuno “os supermercados abrirem apenas durante a manhã”. Tal como Cecília, Eunice duvida que o confinamento geral seja suficiente apenas durante um mês. “Não sei até que ponto um mês de contenção de pessoas ou a aplicação destas medidas, que não são perfeitas, vai ajudar”, finalizou.
Entretanto, apesar da autorização do Governo para a realização de celebrações religiosas, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) decidiu que ficam suspensas ou adiadas as celebrações de batismos, crismas e casamentos, face ao que classifica como “gravíssima situação de pandemia” que Portugal vive.
