BE quer triplicar habitação pública em Braga

A candidata do Bloco de Esquerda (BE) à Câmara Municipal de Braga (CMB) aponta como uma das grandes bandeiras da sua candidatura a necessidade de triplicar a habitação pública no concelho ainda que admitindo que, reconheça que esse desígnio continuaria a deixar Braga “aquém do que acontece em muitas cidades europeias.
Na tarde desta quarta-feira, em entrevista à RUM, a candidata bloquista que se estreia com cabeça de lista à Câmara Municipal de Braga, lembrou que se trata de um direito constitucional “que tarda em ser cumprido”. Por isso, a Bragahabit, que gere 600 habitações e auxilia famílias na prestação de arrendamento “tem de expandir” e, “pelo menos triplicar a oferta de habitação pública”.
Alexandra Vieira refere que “para acompanhar a média nacional de 2% de habitação pública”, a Bragahabit precisa de “adquirir, reabilitar e eventualmente construir habitação de modo a atingir esses 2%, disponibilizando em concreto 1800 habitações”.
Alexandra Vieira frisa que a habitação social “implica uma decisão política”, lamentando que o atual executivo liderado pela coligação Juntos por Braga não tenha seguido esse caminho.
Quanto ao bairro do Picoto, os bloquistas estão contra a reabilitação e defendem a colocação destes residentes em habitações públicas em diferentes pontos da cidade.
“É preciso reforçar os TUB antes de se pensar no BRT”
Em matéria de mobilidade, o BE propõe uma mudança do hábito da utilização do automóvel como meio de locomoção, objetivo que “só pode ser atingido com o reforço dos Transportes Urbanos de Braga”.
Uma das soluções defendidas por Alexandra Vieira passa pela melhoria do transporte público, alertando que com obras como a melhoria das acessibilidades e alargamento de avenidas, “mais automóveis vão entrar na cidade”.
Na visão da candidata bloquista, a intervenção no Nó de Infias “não vai resolver o problema”, mas defende a conclusão da Variante do Cávado.
Já nas grandes avenidas como a Padre Júlio Fragata, é preciso “implementar medidas de abrandamento e corredores dedicados aos TUB e às ciclovias”. A avenida separa as duas partes da cidade e, por isso, Alexandre Vieira lança uma proposta concreta: “Devia-se privilegiar o eixo S. Mamede D’Este – centro da cidade – estação da CP – Ferreiros. Esta devia ser a espinha dorsal de toda a circulação, seja de transportes coletivos, seja de vias cicláveis, seja de peões. Esta via abrange, nada mais nada menos, que cem mil pessoas”, sublinha.
Para os bloquistas, se estas pessoas usassem apenas os TUB, a bicicleta ou as vias pedonais, “ajudariam, e muito, a resolver o problema do excesso do automóvel na cidade de Braga”. Defensores da gratuitidade dos TUB, os candidatos do BE sugerem o IUC para financiar a proposta. Manifestamente contra o School Bus, Alexandra Vieira diz que este modelo “gera desigualdades” no território.
Também para os bloquistas, o BRT “é uma não questão”, considerando que os TUB precisam de se tornar eficientes, antes de se pensar nessa estratégia que “no imediato não resolveria a mobilidade na cidade”.
“As ciclovias não são uma questão de moda como diz Ricardo Rio”
Assinalando que além do automóvel, também os TUB, na opinião dos bloquistas são “grandes responsáveis pela qualidade do ar na cidade que é uma das mais poluídas do país”, Alexandra Vieira afirma que há medidas que podem ser tomadas “no curto prazo”, como a aposta nos transportes coletivos que se movam a energia limpa, a expansão das zonas verdes e o arvoredo urbano.
Insistindo na importância do reforço de ciclovias, na ótica do Bloco de Esquerda a cidade de Braga reúne “boas condições” para este investimento que resultaria num reforço do número de utilizadores. “Não é uma questão de moda como Ricardo Rio recorrentemente afirma. É uma forma das pessoas se deslocarem para o trabalho”, atesta.
Alexandra Vieira também pretende a remunicipalização da Agere, considerando “reprovável” que esta empresa municipal distribua lucros pelos acionistas. “O lucro devia ser reinvestido na melhoria das condições de vida na cidade”, aponta, referindo o caso da necessidade de uma nova ETAR.
O rio Este é outra das batalhas. A candidata fala em “falta de preocupação” que vem do passado da gestão socialista. “Há muitas respostas técnicas para resolver o problema”, sugere.
O partido recusa a recuperação da Confiança para 750 camas para universitários e sugere um fim cultural para o equipamento devoluto nas mãos da autarquia desde 2013.
“Queremos eleger um vereador”
O Bloco de Esquerda entra na corrida autárquica tendo como objetivo a eleição de um vereador, ainda que seja uma meta “difícil”. Assinalando que tem dado provas de trabalho pelo concelho e pelo distrito enquanto deputada na Assembleia da República, Alexandra Vieira sublinha ainda a oposição “respeitável e credível” feita pelos dois deputados do BE na Assembleia Municipal.
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