BE acusa CM Braga de “especulação imobiliária”; Autarquia refuta acusações

O Bloco de Esquerda acusa a Câmara de Braga de se aproveitar do problema da falta de camas no Ensino Superior e da Fábrica Confiança para satisfazer “interesses privados”. Em causa está a construção da residência universitária a partir do edifício da Fábrica Confiança, que, segundo o partido, vai dar cobertura a novos investimentos privados.

Além de utilizar o espaço da antiga saboaria, que é propriedade da câmara, o projeto para a residência pública prevê a criação de um novo edifício nas traseiras da Fábrica Confiança com capacidade para mais de 750 camas, com sete pisos.

Ora, perto do local onde vai nascer o alojamento estudantil, existe um armazém devoluto. Segundo António Lima, esse imóvel foi adquirido no ano passado, imediatamente antes da primeira hasta pública para a venda da Confiança – que depois acabou por não ter interessados – por “um privado com ligações pessoais a membros do executivo municipal”.

Perante este cenário, o candidato do partido à Assembleia Municipal refere que a autarquia está “a dar cobertura a um privado”, acusando-a de “especulação imobiliária”. “Se a câmara faz um imóvel de um lado da rua, do outro lado, o privado também poderá construir um edifício com dimensões semelhantes”, afirma, alertando que se trata de uma zona “já densamente povoada”.

Para o bloquista “não existem coincidências”, não tendo dúvidas de que a partir do momento em que a autarquia teve luz verde, através do PIP – Pedido de Informação Prévia, para avançar com a obra, “ninguém vai recusar a construção a um privado”. “Foi aberto um precedente”, lamenta.

Presidente da Câmara de Braga desmente Bloco de Esquerda

Em declarações à RUM, o presidente da Câmara de Braga recusa os argumentos de António Lima, acusando-o de estar a “tentar criar uma nuvem de fumo em relação a um projeto que é claro”. Ricardo Rio frisa que a autarquia tem como ambição a resolução de um problema estrutural do concelho, que passa pela falta de camas para os estudantes do ensino superior, além da reabilitação da Fábrica Confiança e da sua envolvente.

Posto isto, mostra-se confiante de que a solução apresentada pela autarquia e pela Universidade do Minho é aquela em que “os bracarenses se reveem”.

Ricardo Rio acrescenta ainda que não tem conhecimento de processos negociais na envolvente que não estejam relacionados com outras residências universitárias privadas e a expansão do shopping Braga Parque, desafiando o candidato do Bloco de Esquerda à Assembleia Municipal a revelar quem é o beneficiário das alegadas negociações.