Barreira florestal junto aos rios diminui em 30% sedimentos e 17% do nitrato e fósforo

A criação de uma barreira florestal de até 5 metros entre campos e rios podem ajudar a diminuir em 30% os sedimentos e em 17% os nitratos e fósforo na água. Estes são os primeiros resultados do projeto ´Trees4Water`, desenvolvido pelo Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) da Escola de Ciências da Universidade do Minho e que tem uma duração prevista de 18 meses.
O trabalho está a estudar a bacia do Cávado, mais concretamente no concelho de Barcelos, junto de produtores de leite. O objetivo passa por calcular custos e benefícios da existência de floresta, a título de exemplo a ripária, que liga os ribeiros aos campos e áreas urbanas.
Em entrevista ao UMinho I&D, Cláudia Carvalho-Santos explica que esta é uma investigação académica. A equipa, que conta com a participação de uma economista, vai tentar quantificar os benefícios não só ambientais como para o parceiro Águas do Norte no tratamento dos recursos hídricos, assim como os custos de oportunidade que são aquilo que, neste caso o agricultor perde por ceder uma parcela de terreno.
O projeto científico deu origem a uma startup de consultoria ambiental, com o mesmo nome, que recentemente venceu o concurso nacional “H2O &Sustainability Innovation Hub”. A ideia passa por atribuir créditos de água, ou seja, plantar árvores na região do Cávado e não em florestas tropicais, para mitigar os efeitos das ações nos ribeiros locais.
No futuro, a empresa poderá fornecer serviços de análise da pegada hídrica das empresas, sejam elas agrícolas ou de outro setor, quer em termos de quantidade quer de qualidade.
Cláudia Carvalho Santos acredita que estas pequenas grandes mudanças podem fazer a diferença no alcance da neutralidade carbónica e no pacto ecológico europeu. A investigadora dá o exemplo de um projeto semelhante, no Reino Unido, o ´Woodland Water Code`, que contou com o apoio do Governo.
“A ideia é que voluntariamente, numa zona extremamente poluída em termos de poluição difusa devido à agricultura, os agricultores disponibilizem área para florestação. Penso que em Portugal também poderia ser aplicado e porque não na bacia leiteira em Barcelos”, refere.
– A ENTREVISTA PARA O UMINHO I&D PODE SER OUVIDA NA ÍNTEGRA EM PODCAST AQUI –
