Virar a Página apela a donativos para enviar novo autocarro humanitário

O Virar a Página está empenhado em enviar mais autocarros de Braga com destino aos países com fronteira com a Ucrânia para trazer refugiados. Nos últimos dias têm se multiplicado os testemunhos e pedidos de auxílio de pessoas com nacionalidade ucraniana que tentam fugir dos países de leste.
A responsável pelo projeto, Helena Pina Vaz, tem acompanhado não só os 55 exilados que já se encontram na cidade dos arcebispos, 44 chegaram na passada segunda-feira de madrugada e 11 atletas ucranianos que participaram nos Campeonatos Europeus de Veteranos em pista coberta (EMACI), entre os dias 20 e 27 de fevereiro, e não conseguiram ou não pretendem regressar, como inúmeros grupos nas redes sociais. No total, o projeto está a garantir 362 refeições.
Durante a entrevista à RUM, continuava em contacto com uma mulher que estava há vários dias a tentar atravessar a fronteira para chegar à Polónia.
Com o rebentar da guerra, muitas dos refugiados partem apenas com a roupa no corpo, logo muitos são os casos em que não se fazem acompanhar de documentos ou dinheiro físico, o que acaba por dificultar, por exemplo, a compra de bilhetes de avião. No entanto, mesmo para aqueles que possuem estes papeis, pode demorar até duas semanas a conseguir voos devido à grande procura.
Com a Europa a deparar-se com a maior crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial, Helena Pina Vaz está a reunir todos os parceiros possíveis para conseguir pagar uma nova viagem de autocarro. Ação que está a ser planeada com o Município de Braga. “Neste momento este é o problema mais grave e necessário (retirar pessoas). Quem quer dar alguma coisa, compre um lugarzinho no autocarro”, apela. Para proceder ao donativo poderá contactar o projeto Virar a Página.
De acordo com a responsável, os próprios refugiados estão a organizar grupos de pessoas que têm interesse em rumar à Roma portuguesa para começar a vida do zero. Helena Pina Vaz está também em contacto com várias organizações como a AMI – Assistência Médica Internacional – de modo a facilitar esta identificação. Processo em que o Município de Braga também é um parceiro fulcral. Apesar da emergência humanitária é premente assegurar que nenhuma entidade está a ser cúmplice, mesmo que por engano, de uma rede de tráfico humano.
Helena Pina Vaz lança a questão aos microfones da RUM: “O que é mais útil, dois camiões de bens que custam mais que um autocarro ou esta solução que traz pessoas?”.
Colégio Luso Internacional de Braga (CLIB) pode vir a receber crianças/jovens ucranianos.
Dois pedidos estão já em análise, de acordo com a diretor Helena Pina Vaz. Em causa está a capacidade das turmas, sendo que se trata de uma escola de pequena dimensão, terem capacidade para acolher mais jovens. A atribuição de bolsas de estudo também está em cima da mesa. Como a língua pode ser um entrave à integração, numa primeira fase será o inglês a facilitar a comunicação.
Onda de solidariedade “espantosa”.
Estas foram as palavras utilizadas por Helena Pina Vaz para agradecer a todos os cidadãos que se têm voluntariado para ajudar no projeto Virar a Página, mas também a todos os que disponibilizaram as suas casas para acolher famílias. Segundo a responsável existem vários cidadãos que estão a organizar a saída em carrinhas de nove lugar ou veículos do dia-a-dia para as fronteiras com a Ucrânia.
