Associação de Feirantes diz que feira de Famalicão é “exemplo” a seguir

Ao contrário do que aconteceu com a maioria dos municípios da região, a Câmara Municipal de Famalicão decidiu não suspender a feira semanal, mas limitá-la a bens essenciais. A “iniciativa” merece o elogio da Associação de Feirantes do distrito do Porto, Douro e Minho.
As feiras foram consideradas locais propícios ao contágio de Covid-19, mas Artur Andrade, presidente da Associação, alerta para a fragilidade a que o sector está sujeito e considera que a atitude do município famalicense, de alguma forma, protege os feirantes. Em Famalicão, a feira deixou de contar com as centenas de comerciantes habituais, permanecendo no activo algumas dezenas.
“Muitos feirantes estão em condições de se protegerem para não se contagiarem nem a eles,nem aos clientes. Em Famalicão, todos os feirantes têm as distâncias que se exigem, todos adoptam medidas de precaução e a feira tem funcionado na mesma”, explicou Artur Andrade, apontando Famalicão como “exemplo a seguir por outros municípios”.
O sector, diz Artur Andrade, “está com muita dificuldade”. “No passado dia 2 de Abril saiu um decreto com novas medidas, que prevê a abertura de mercados e feiras com bens de primeira necessidade, vamos ver se os municípios vão atender a essa solicitação do Governo. Era necessário que as feiras não tivessem fechado. Não existem apoios para o sector”, apontou.
Para Artur Andrade, as pessoas estão expostas a perigos idênticos de contágios nas grandes superfícies, dando como exemplo “os carrinhos que as pessoas usam”. “As grandes superfícies têm controlo de entradas, mas isso também facilmente seria posto em prática nas feiras. Tenho visitado a feira de Famalicão e há efectivamente controlo, está lá a PSP e a Polícia Municipal, os feirantes têm limitações para as pessoas não se chegarem muito aos produtos e, por exemplo, nas grandes superfícies as pessoas também pegam na fruta sem protecção”, acrescentou.
O presidente da associação denuncia ainda a dificuldade de escoamento que os produtores locais estão a sentir, nomeadamente os que estão ligados às frutas e hortaliças. Além disso, muitos dos feirantes ligados ao calçado e vestuário tinham investido, a propósito da Páscoa, em colecções, que agora “vão ficar em armazém e quando voltarem ao activo, provavelmente esses produtos já não vão ser usados, mas os de outra estação”.
A este propósito, o presidente da Câmara Municipal, Paulo Cunha, fez saber que “dos 800 comerciantes que normalmente marcam presença na feira, estão 80, distribuídos por 10 mil metros quadrados”. “As pessoas que fazem compras de bens alimentares nas feiras e mercados têm os mesmos direitos daqueles que normalmente o fazem em superfícies fechadas”, afirmou ainda o autarca.
Esta quarta-feira, as imagens do trânsito em Famalicão, nomeadamente nas imediações da feira, correram o país, com muitas críticas aos famalicenses e à autarquia.
Paulo Cunha, autarca local, veio a terreiro esclarecer que o trânsito estava sobretudo relacionado com as obras que estão a decorrer, sublinhando que o número de vendedores foi reduzido de forma expressiva e que os feirantes estão devidamente separados dos clientes, permitindo a realização de compras com a mesma segurança de um supermercado.
