Assembleia Municipal de Braga prepara recomendação para sistema público de bicicletas partilhadas

A petição apresentada pela associação Braga Ciclável, que propõe a criação de um sistema público de bicicletas partilhadas com 1.000 bicicletas e 72 estações, motivou um debate intenso na Assembleia Municipal extraordinária de 18 de julho. Apesar das diferenças quanto à escala e aos custos do projeto, os grupos municipais chegaram a acordo para apresentar uma recomendação conjunta à Câmara Municipal, que será votada na próxima reunião.
Bruno Machado, da Iniciativa Liberal (IL), afirmou, depois de uma pausa na reta final da reunião para a Conferência de Líderes, que “foi decidido por forma unânime ajustar uma recomendação consensualizada entre os diversos grupos municipais, no sentido de fazer uma recomendação à Câmara Municipal partindo da petição da Braga Ciclável, que será votada na próxima reunião”. O deputado considerou ainda que “assim a petição terá um efeito útil e a Assembleia Municipal terá um papel preponderante nesta matéria”.
Esquerda elogia a proposta e pede rede ciclável
Alexandre Mano, do Bloco de Esquerda (BE), apontou a proposta do movimento de cidadãos como “robusta, fundamentada e coerente ao defender a implementação do sistema público de bicicletas partilhadas na cidade”. Acrescentou ainda que “a força desta proposta é acolhida frontalmente com uma das grandes fragilidades da cidade, a ausência de uma infraestrutura ciclável minimamente coerente, contínua e segura”.
João Baptista, da Coligação Democrática Unitária (CDU), considerou que “há vias pedonais e há vias cicláveis e aqui é preciso fazer uma separação física para também haver um cuidado maior com a segurança pedonal e as bicicletas terem de forma segura caminhos por onde circular, quer na cidade, quer no concelho, quer entre concelhos”.
Tiago Teixeira, do Pessoas–Animais–Natureza (PAN), referiu que “ou se apoia a mobilidade sustentável, ou se apoia o futuro, ou não. E deixamos de andar aqui a brincar aos estudos”. Para o deputado municipal, há que dar “passos em frente” e “o ideal é começar já”.
Já João Nogueira, do Partido Socialista (PS), afirmou ainda que “é preciso estimular e incentivar” o uso da bicicleta e que “não se consegue logo tudo à primeira”. “A verdade é que não tem futuro quem assim pensa. O futuro vai aprovar isto, e o futuro está aí, está muito perto”, disse ainda.
Direita pede cautela e estudo prévio
Pedro Borges Macedo, do Partido Popular Monárquico (PPM), considerou que “começar a exigir logo 1.000 bicicletas, 1.440 docas espalhadas por 72 estações, que nunca custarão menos de quatro milhões de euros” é “exagerado” para a realidade bracarense. “Nada contra a medida em si, mas carece de estudo para uma correta implementação para evitar a compra de bicicletas ao quilo”, vincou.
Gonçalo Pimenta de Castro, do CDS-PP, afirmou que “o documento da petição não apresenta um estudo económico nem valores estimados de investimento ou exploração por parte do município”. “Podemos estar a falar de um valor entre os oito a 10 milhões de euros para implementar este projeto”, apontou, acrescentando que é necessário “fazer as coisas com responsabilidade”.
Braga Ciclável garante que sistema é viável
O representante da associação Braga Ciclável, João Forte, respondeu às críticas, afirmando que “o sistema está orçamentado em dois milhões de euros pelas mesmas empresas que instalaram o sistema em Lisboa. Acrescentou que “não é uma despesa, é um investimento. A poluição acarreta uma despesa. A nossa saúde também acareta uma despesa para o Estado”.
João Forte explicou que os números apresentados seguem os critérios internacionais e estão alinhados com o Plano Diretor Municipal de 2013, que já previa 1.000 bicicletas e 72 estações para Braga. Para o responsável, “mais bicicletas significam menos carros e menos poluição. Esta proposta não é um luxo, é uma necessidade para transformar Braga numa cidade mais saudável e segura”.
A petição da Braga Ciclável lembra que “os sistemas de bicicletas partilhadas são parte integrante dos transportes públicos e, em várias cidades, aumentaram em dez vezes o raio de ação das paragens e estações de serviços de transporte pesado”. No documento enviado à Assembleia Municipal, a associação defende que Braga precisa de um sistema robusto e acessível, articulado com os Transportes Urbanos de Braga, para promover a mobilidade sustentável e dar resposta às carências de infraestrutura ciclável que a cidade enfrenta há décadas.
