“As Forças Armadas continuam a ser necessárias”

A profissão de soldado já foi mais procurada, mas o Comandante do Regimento de Cavalaria 6 em Braga não considera que exista um afastamento efetivo dos mais jovens. O RC6 conta atualmente com 290 elementos, 150 deles ‘praças’. Nos dias de hoje, o Exército é sobretudo procurado por quem pretende seguir uma carreira militar. Com uma crise económica a aproximar-se, a procura poderá ser extensível a mais jovens que pretendem apenas alguma estabilidade financeira.


Ontem à noite, em entrevista ao Campus Verbal, o Coronel Miguel Freire, Comandante do Regimento de Cavalaria 6 admitiu que a paz conquistada traz um sentimento de segurança aos jovens que, por essa razão, não optam pela carreira militar.

Para Miguel Freire “não há um afastamento das novas gerações”. O que se verifica é que “os assuntos de segurança e defesa não fazem parte das preocupações desta juventude”, o que “é um bom sinal, porque a paz é um dado adquirido e nem se coloca no horizonte qualquer problema em relação à paz”. “Isso é bom e só temos de nos orgulhar disso”, analisa. Ainda assim, “a paz é um bem muito frágil” e por essa razão, o Comandante considera que o Dia de Defesa Nacional deve continuar a ser aproveitado para transmitir aos jovens esta mensagem. 

“Um dia não é suficiente, mas quando nos dirigimos a esses jovens no Dia da Defesa Nacional, pedimos que não se esqueçam que as gerações de pais e avós tiveram um contexto completamente diferente. Só temos de estar orgulhosos dessa evolução, mas isso não invalida que as Forças Armadas continuem a ser uma necessidade”, explica. 

Segundo o Comandante do RC6, a maioria dos jovens que nos dias de hoje entra no Exército tem objetivos de construir uma carreira militar. “Tirando esse universo de jovens, não há muito mais”, conta.

O responsável lembra que as Forças Armadas apresentam incentivos que permitem ao jovem “servir Portugal e preparar-se pessoal e profissionalmente para o mercado civil de trabalho”. Com uma forte tradição de serviço militar e voluntária, a região do Douro e Minho é a mais representada no RC6 porque muitas vezes “podem conciliar a vida profissional, pessoal e familiar”, conseguindo organizar-se e em seis anos adquirir as competências necessárias para iniciar uma carreira.

O Regimento de Cavalaria 6 tem atualmente responsabilidades de formação inicial de militares, quando nos anos mais recentes garantia o aprontamento de forças nacionais destacadas. Com a responsabilidade de recruta desde 2020 por força da pandemia, o RC6 tem mantido uma formação ininterrupta dos diferentes cursos de formação, permitindo uma perceção real do que são as aspirações dos jovens. 

Segundo o Coronel, quem chega com projetos de vida definidos e associados a uma profissão nas Forças Armadas, “tem muito sucesso e não apresenta problemas”, ao contrário de quem vem apenas experimentar. “Esses têm alguma dificuldade e temos uma taxa de desistência elevada (40%) entre os jovens incorporados e aqueles que prosseguem para a instrução complementar”, revela.  

O Coronel assume alguma “surpresa” com as reações de muitos jovens que no dia seguinte a receberem a farda pretendem desistir. “É diferente um indivíduo entrar num processo formativo das Forças Armadas ou entrar numa universidade ou numa fábrica” e essa pode ser uma das justificações. Referindo que o Exército está atento e que nos dias de hoje não se conhecem cenários de imagens em que os recrutas são insultados ou maltratados, o Comandante do Regimento de Cavalaria adianta que muitas das vezes o choque dos jovens está relacionado “com as regras” e com a “vontade do imediato”.

Regra geral, nas épocas de crise económica, o Exército é mais procurado por oferecer “emprego estável” e por essa razão é expectável que num futuro próximo isso se venha a verificar.

RC com militares destacados na República Centro Africana e no Afeganistão

O Regimento de Cavalaria 6 está desde a década de 90 representado em missões espalhadas por diferentes países, naquela que é uma das principais caraterísticas e atrações da estrutura instalada em Braga.

Os militares continuam a preparar-se para cenários de combate e nesta altura são vários os elementos destacados em missões. Segundo o Comandante Miguel Freire, o RC6 tem uma oferta apelativa para os jovens “porque há um sentimento de colocar em prática o conhecimento, além de ser altamente motivador prestar serviço num país que tem mesmo necessidade de apoio”. “É humanamente enriquecedor um indivíduo sentir que está efetivamente a colaborar para uma paz melhor naquele país”, explica. “Um militar quando cessa a sua prestação de serviço é uma pessoa extraordinariamente enriquecida do ponto de vista técnico, mas também humano”, argumenta.



OUVIR AQUI A ENTREVISTA COMPLETA AO COMANDANTE DO RC6 BRAGA



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Elsa Moura
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