Arquidiocese de Braga pede perdão e diz que reportou caso de Joane em 2019

Num comunicado enviado às redações a propósito das acusações contra o Cónego Manuel Fernando Sousa e Silva, Arquidiocese fala num "momento difícil para a Igreja em Portugal.


A Arquidiocese de Braga reagiu este sábado ao início da noite em comunicado ao caso do padre da freguesia de Joane, o Cónego Manuel Fernando Sousa e Silva, acusado de abusos sexuais a homens e mulheres daquela comunidade católica minhota. Na nota enviada às redações e publicada nos canais da Igreja de Braga, a Arquidiocese pede “perdão” a todas as vítimas e respetivas famílias, garante que denunciou o caso à Autoridade Eclesiástica assim que recebeu a primeira denúncia, em 2019, e disponibiliza agora um “serviço de escuta destinado a todos quantos desejem partilhar as suas dolorosas experiências”. 


Segundo o comunicado enviado à RUM, este serviço estará disponível na Paróquia de Joane de forma presencial, sendo ainda possível recorrer ao mesmo por via telefónica ou por correio eletrónico”.

A Arquidiocese deixa ainda um pedido: “Apelamos a todos os que possam ter sido vítimas de qualquer espécie de abuso sexual em alguma paróquia ou instituição da Arquidiocese de Braga a que contactem a CPMAV (comissao.menores@arquidiocese-braga.pt ou 913 596 668)”.

Apontando à transparência em torno do assunto, na nota é referido que em 21 de novembro de 2019, chegou à Comissão de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis da Arquidiocese de Braga (CPMAV) uma denúncia por parte de uma vítima, relatando ter sofrido abuso sexual por parte do referido sacerdote. Esta vítima mencionou a existência de outras vítimas. “Dentro dos limites das suas competências, a Comissão diligenciou no sentido de identificar estas e outras possíveis vítimas, mas sem sucesso. Dois anos mais tarde, chegou à Comissão mais uma denúncia. Ambas as vítimas foram acolhidas e acompanhadas pela CPMAV. Confrontamo-nos, agora, com o elevado número de casos relatados pela Comunicação Social”, lê-se no documento.


A CPMAV enviou os relatórios relativos às duas denúncias à autoridade eclesiástica competente. Já este ano, o então Arcebispo de Braga criou uma Comissão de Investigação Prévia, em conformidade com as normativas eclesiásticas à data em vigor e em maio de 2022, o atual Arcebispo de Braga enviou todos os elementos recolhidos para o Dicastério para a Doutrina da Fé.


É ainda esclarecido que em julho de 2022, “foram impostas medidas disciplinares ao sacerdote em causa, a saber a necessidade de se abster de exercer publicamente o seu ministério sacerdotal e, de modo particular, a celebração pública dos Sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação, devendo recolher-se num clima de oração, reflexão e penitência”. A igreja assume e lamenta que não tenha conseguido ser mais célere no tratamento do caso e mais eficaz no acompanhamento das vítimas.

Referindo-se ainda a “um momento difícil da vida da Igreja em Portugal”, a Arquidiocese termina o comunicado reafirmando que confia que a Igreja “saberá abrir-se a um novo futuro, marcado pelo reconhecimento humilde e transparente dos seus erros e pecados, pelo acolhimento das vítimas e pela prioridade de criação de uma cultura de prevenção e cuidado”.


A situação foi tornada pública a 17 de setembro, através de uma reportagem no Nascer do Sol sobre os abusos sexuais praticados em Joana durante décadas.


Entre as citações, uma das vítimas alerta para o número avassalador de vítimas às mãos deste padre na freguesia de Joane depois dos anos 60. “Se perguntar aos rapazes e raparigas que nasceram depois dos 60, todos lhe vão dizer que foram vítimas dele. São às centenas”, é uma das citações presentes na peça publicada no final desta semana pelo Inevitável.

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Elsa Moura
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Sérgio Xavier
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