UMinho volta às escavações na Ínsula das Carvalheiras

50 estudantes da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho (UMinho), vão voltar a colocar mãos à obra já na próxima segunda-feira, 13 de Julho, na Ínsula das Carvalheiras. Devido à pandemia de Covid-19, todos os trabalhos foram suspensos. Com as devidas medidas de segurança, está tudo preparado para regressar às escavações neste espaço que, em 2021, pretende estar de portas abertas aos bracarenses e ao mundo. No fundo, trata-se de fazer renascer as ruínas de Bracara Augusta.

Fernanda Magalhães, investigadora da Unidade de Arqueologia da UMinho e do Laboratório de Paisagens, Património e Território (Lab2PT), é a responsável pelas escavações na cidade dos arcebispos. Aos microfones do programa da RUM ‘UM I&D’, a responsável anuncia que “o projecto arquitectónico está fechado”. Actualmente, a equipa está a desenhar as especialidades de uma zona que acreditam ser “uma parte da muralha da cidade romana”. 

Na Ínsula das Carvalheiras está planeada a construção de dois percursos que vão conjugar o presente com o passado da cidade bimilenar. O projecto nasceu de uma parceria entre a Universidade do Minho e a Câmara Municipal de Braga, entidade que vai financiar o projecto orçado em quase 3 milhões de euros. 

“O que se pretende é que as pessoas quando visitarem a Ínsula das Carvalheiras vivenciem o que era uma casa romana”, assim como os hábitos da época, por exemplo, nas termas. Será construído uma espécie de “túnel regressivo”. Depois, os visitantes, têm a possibilidade de entrar no centro interpretativo que vai fazer a ligação com toda a zona museológica. No entanto, existirá a possibilidade de visitar apenas o parque verde que será público. 

Investigadora da UMinho descobre novas informações sobre a arquitectura na época romana. 

“A domus romana no noroeste peninsular: arquitectura, construção e sociabilidades” é o tema da tese de doutoramento de Fernanda Magalhães. Um trabalho de investigação que foi distinguido com o prémio Eduardo da Cunha Serrão 2020. Este galardão é atribuído à melhor tese a nível nacional. 


Com este trabalho a investigadora conseguiu provar que, ao contrário do defendido, existiram casas com um segundo piso em cidades romanas secundárias. Para além da análise feita em Bracara Augusta, a docente estudou outras cidades como a ainda “muito desconhecida” Tongobriga, localizada no Marco de Canaveses.


O que permite perceber que uma casa tem um segundo piso são as escadas. Em Tongobriga foi possível identificar os alicerces dessas escadas. O que tem faltado é a valorização do registo arqueológico dos elementos que até hoje não tinham sido estudados, logo não podíamos evidenciar a presença destes elementos”, realça. Igualmente em Bracara Augusta foi encontrada uma habitação com dois andares. 


Do mesmo modo, a docente da academia minhota concluiu que as dimensões das casas não significam, obrigatoriamente, que o dono era mais ou menos poderoso. Isto porque, a título de exemplo, em Bracara Augusta as casas tinham de obedecer às dimensões das parcelas definidas, ou seja, quando alguém pretendia construir uma habitação tinha de respeitar essas dimensões que ditavam que a casa não podia crescer na horizontal, mas sim na vertical. Já em Conimbriga não há registo dessas restrições. 

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Vanessa Batista
Vanessa Batista

Jornalista na RUM

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