Anúncio de ligação rápida não convence comentadores do Praça do Município

Programa de debate político da RUM regressou este fim-de-semana. Entre os temas em discussão esteve o mais recente anúncio do governo para a ferrovia.

Os comentadores do programa Praça do Município, na RUM, criticam o governo pelo anúncio, na semana passada, de uma ideia repetida e de um projeto de ligação rápida Lisboa – Porto – Vigo para o qual não há dinheiro.

No regresso do programa de debate político da RUM, o comentador Carlos Almeida, que já foi vereador do PCP no executivo municipal bracarense, assumiu dúvidas neste processo e criticou o facto de não se pensar primeiro numa ligação entre cidades como Braga e Guimarães.

“Investimento tem que ajudar a descentralizar o país. Primeiro é preciso garantir a ligação direta Guimarães-Braga”, defende Carlos Almeida


“São praticamente duas décadas e até hoje nada se viu para além de anúncios. Nestes últimos vinte anos, o que se fez na ferrovia foi dar continuidade ao seu desmantelamento”, começou por dizer. 

A propósito do distrito de Braga, o comentador lembrou que há a promessa de ligar Braga à capital em pouco mais de duas horas, tornando-se “praticamente o mesmo entre Braga e Porto”. “Falar-se de um investimento desta grandeza sem que se garantam vantagens para as populações dos concelhos que não são diretamente equacionados neste projeto não faz muito sentido. Tem de se garantir que este investimento vai ajudar a descentralizar o país”, atestou. O comentador defende primeiro a ligação entre Guimarães e Braga por ferrovia.

“Não há dinheiro nem capacidade técnica. Andamos iludidos”, avisa Carlos Neves


Já o comentador Carlos Neves é taxativo: não há dinheiro nem capacidade técnica para a execução do projeto anunciado por António Costa e Pedro Nuno Santos. 

“É o exemplo acabado de como se quer fazer muito para deixar tudo como está. Este anúncio é a coleção de tudo aquilo que não se deve dizer e não se deve fazer. Não há dinheiro. Andamos iludidos com o mundo que tínhamos antes da pandemia”, avisou. 

Tecnicamente, Neves também considera que esta não é a solução, sugerindo que o melhor seria investir numa linha pouco melhor que a atual, onde já circulam todos os comboios incluindo o Alfa Pendular, com menos paragens e mais velocidade. Na opinião do também militante do CDS-PP, reforçar a capacidade de circulação de carruagens como as do Alfa Pendular ajudaria a unir as diferentes cidades com viagens mais rápidas e próximas daquilo que é prometido com a Alta Velocidade ou TGV.

“A TAP e a CP devem complementar-se. Neste momento são concorrentes diretas”, avisa Jorge Cruz


Jorge Cruz também considera que esta é a repetição de um anúncio do governo sobre a ligação de alta velocidade. Além de discordar do investimento num TGV em Portugal, o comentador avisa que CP e TAP devem complementar-se e não competir entre si. “Evidentemente que estou apreensivo. Houve a cautela de dizer que lá para 2030 se poderá pensar nessa coisa (…), mas o problema é que tem que ser levado a sério. A ferrovia é fundamental, mas por outro lado, neste momento a TAP e a CP são concorrentes diretas, e isso não pode ser, têm que ser complementares”, argumentou.

O programa de debate político da RUM, com moderação de Alexandre Praça está de regresso para a 16ª temporada e pode ser ouvido mais logo, a partir das 20h00.

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Elsa Moura
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