António Ferreira destaca influência de Beckett, Bernhard e Trakl no novo Nobel da Literatura

O autor do programa ‘Livros com RUM’ diz que a distinção de Jon Fosse como Nobel da Literatura “não é surpreendente”. António Ferreira destaca a multiplicidade de géneros literários explorados pelo norueguês, com maior incidência para a dramaturgia.
A aposta do especialista em literatura recaía no queniano Ngũgĩ wa Thiong’o, recordando que o japonês Haruki Murakami também estava na corrida. Ainda assim, salienta que o galardão acaba por ir para um escritor que “aparecia repetidamente nas short lists de candidatos”, além de ter “uma grande aceitação nos países nórdicos”, olhando para o facto de o prémio ser entregue pela Real Academia Sueca.
Jon Fosse estreou-se na literatura em 1983, tendo publicado romances, poesia, ensaios, novelas e livros para crianças, antes de chegar ao teatro. ‘Inverno’, ‘A Noite Canta os seus Cantos’ e ‘O Sonho de Outono’ são algumas das principais obras.
Influenciado pela corrente expressionista e por nomes como Samuel Beckett, Thomas Bernhard ou Georg Trakl, o trabalho do escritor norueguês “reflete muito sobre a existência humana e os desafios que se colocam, nomeadamente ao nível da sentimentalidade e dos afetos”.
“Segundo Fosse, acaba por desembocar contra um muro ou numa estrada sem saída, formulando grandes perguntas, como «O que podemos fazer com este nosso amor?», às quais não dá resposta”, refere António Ferreira, enaltecendo a dimensão “metafísica” das suas obras, concorrendo para “um universo negro, fechado e pesado”.
