Andreia Sousa e a gravidez: “Não temos contrato e, por isso, não fazendo jogos, não recebemos”

Andreia Sousa alerta para o corte de rendimentos que as árbitras sofrem quando decidem ser mães. O assunto foi abordado na edição mais recente do programa RUM(O) Desportivo.

A classe não é profissional e a remuneração depende do número de jogos realizados. A auxiliar internacional de futebol, que já esteve grávida duas vezes, considera ser necessário “trabalhar” para combater o problema, “não só em Portugal, como em todos os países”. “Não temos contrato e, por isso, não fazendo jogos, não recebemos”, sinaliza.

Apesar de ainda haver um caminho a fazer, no entender da bracarense, “a mentalidade começa a ser outra”, dando o exemplo das jogadoras, que, há uns anos, “viram os contratos serem suspensos” e que, entretanto, “ganharam os casos em tribunal”.

Além dos valores auferidos, a carreira depende das classificações atribuídas pelo Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol em cada época. Nesse capítulo, destaca Andreia Sousa, teve a garantia que “não iria descer de patamar” por causa das gravidezes. Se assim não fosse, admite que teria de “repensar” a possibilidade de ser mãe naquelas alturas, em 2017 e 2021.

A árbitra auxiliar, internacional desde 2016, descreve dois períodos de gestação totalmente distintas: “A primeira gravidez foi um bocadinho mais planeada e isso fez com que não perdesse nenhuma época completa […] Na segunda, como não foi planeada, tive de parar uma época inteira porque fui mãe em janeiro, ou seja, não foi possível começar a época em setembro nem concluir em junho”.

A nível físico, a maternidade pressupõe “uma mudança bastante drástica” e o regresso à competição é “muito pior do que fazer uma pré-temporada”. Andreia Sousa dá o exemplo da segunda gravidez, em que voltou à atividade “mais cedo” que o recomendado, algo que teve “implicações no corpo”. “Deixei de conseguir amamentar devido ao esforço e ressenti-me também com pequenas lesões que até então não tinha”, confessa.