Ana Avoila: “resta continuarem a luta”

Treze anos depois de estar à frente da Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública (FNSFP), Ana Avoila está de saída. O lugar será agora ocupado por Sebastião Santana, de 36 anos. A transição decorre no 12.º Congresso da FNSFP, a realizar-se em Braga, esta quinta e sexta-feira.

Em jeito de balanço da sua missão à frente da Federação, a sindicalista fala em “emoção e confiança enorme em quem fica e vai entrar, para prosseguir todo o trabalho”. “O que fizemos foi um processo de resistência para travar avanços maiores. Estamos numa de recuperação, mas não está fácil, porque definiram uma linha orientadora dentro do quadro da União Europeia para as administrações públicas. Veja-se o que se está a passar em França, Espanha e Itália e o que se passa cá. Somos um país pequeno com piores condições de vida do que os trabalhadores dos outros países, com salários muito baixos”, apontou Avoila.

A sindicalista frisa, em jeito de balanço, “a regressão muito grande dos direitos dos trabalhadores, desde logo com o governo José Sócrates que nos tirou o vínculo de nomeação, tirou as carreiras gerais, todas as profissões que existiam deixaram de existir para se chamarem assistentes operacionais”.

Avoila recorda ainda “o período da Troika, com PSD e CDS a irem além do que ditava o memorando, principalmente ao nível dos impostos sobre o rendimento de trabalho, que devem ser corrigidos para a aproximação aos salários europeus”.

Ana Avoila fala ainda de “retrocesso do país com o encerramento de serviços” e acusa o PS de Costa de ter “agravado as normas do código de trabalho”, apesar de ter tido “oportunidade de fazer diferente”.

“Os trabalhadores devem ter presente que não é impossível, resta continuarem a luta porque é a luta de massas que vai mudar. Tenho muita esperança e estou convicta de que vamos conseguir fazer isso.

Não vai ser fácil, mas não vamos desistir”, reiterou.

Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, salienta o “contributo individual que Ana Avoila deu” e o “rejuvenescimento” das estruturas sindicais. “Este movimento sindical tem que ser dirigido por trabalhadores no activo. É esta renovação que dá forma e confiança no futuro. Temos mais jovens a participar e a intervir e teremos um jovem na coordenaçao da Federação. Os jovens são o futuro e acreditamos neles”, afirmou o líder da CGTP.

Ana Avoila vai deixar o sindicalismo após 34 anos de dedicação exclusiva, passando o testemunho, esta sexta-feira, a Sebastião Santana. 

Avoila espera “mais processos de luta” depois da greve de 31 de Janeiro

Ana Avoila criticou ainda, esta quinta-feira, a proposta do Governo para os aumentos salariais para a função pública, que considera “uma vergonha e um insulto”. “Se é para aproximar à UE então mudemos”, acrescentou-

A sindicalista aponta ainda o dedo às escolhas do Governo, que tem “70 milhões para aumentos salariais, mas 120 milhões para aquisição de serviços para os amigos e há mais mil milhões e 700 mil euros para dar, em dois anos, ao Novo Banco”.


“Não há empresa que se possa modernizar sem trabalhadores bem pagos, e a produção nunca será maior com trabalhadores que ganhem mal”, alertou.

Quando à greve geral agendada para o próximo dia 31, Ana Avoila espera que “a partir daí se desenvolvam mais processos de luta para resolver as questões”. 

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Liliana Oliveira
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Carolina Damas
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