Alunos internacionais queixam-se de falta de apoio e reivindicam medidas mais inclusivas

Desde o início da pandemia, cerca de 50 estudantes internacionais já desistiram da Universidade do Minho por falta de apoio. Os dados são avançados por um movimento académico criado na semana passada e formado por cerca de 80 alunos brasileiros e angolanos.

Segundo um dos representantes, alguns desses estudantes pediram transferência para outras instituições de Ensino Superior e os restantes voltaram ao país de origem. Esse cenário poderá ser agravado, segundo Taynã Noschese, já que, pelo menos, mais uma dezena está a pensar fazer o mesmo a curto/médio prazo.

A escassez de apoio social é uma das preocupações da plataforma. Em relação às propinas, cujo valor ronda os 4.500 euros, o aluno da licenciatura em Criminologia e Justiça Criminal lamenta que a Universidade do Minho “ainda não faça parte” de um acordo estabelecido no seio da CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. 


Esse protocolo, que conta já com a adesão de instituições de Ensino Superior, como as universidades do Porto ou de Lisboa ou do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, prevê a redução de 50% do valor das propinas.

Além disso, o aluno da academia minhota pede que haja “uma revisão” do estatuto de estudante internacional, que, neste momento, ao não ser considerado ‘aluno deslocado’, faz com que dificulte, por exemplo, o acesso a residências universitárias ou a bolsas de apoio social de forma directa. 


“Nós, estudantes internacionais, não somos considerados alunos deslocados, o que, a meu ver, não faz o mínimo sentido porque estamos a milhares de quilómetros de distância. Não tendo esse estatuto, faz com quem estejamos no fim da lista de acesso às residências”, refere.

Alertando que os alunos internacionais “não têm qualquer amparo legal ou institucional” por parte da Universidade do Minho, Taynã Noschese, que foi também o fundador do núcleo de Criminologia e Justiça Criminal (AECrimUM), considera que as dificuldades para os alunos internacionais se agudizaram no início do ano lectivo. 

O estudante brasileiro adianta que “nenhum estudante recém-chegado recebeu qualquer tipo de contacto por parte dos serviços da universidade quando vieram para Portugal”. “Simplesmente estavam a chegar sem saber o que fazer da vida deles. Nos outros anos, a informação já era escassa, mas este ano houve um total de zero informação”, afirma, alertando para a inexistência de uma sessão de acolhimento dedicada a estes estudantes em 2020/2021.



Movimento pede mais atenção à AAUM

Taynã Noschese e Diego Cantu, o outro representante, escreveram na semana passada, a propósito da criação desta plataforma, uma carta aberta com as suas reivindicações. Outro dos problemas apresentados é a questão da discriminação racial, que é “recorrente”, de acordo com o movimento. 


“Um canal de denúncias era extremamente importante para alertar para episódios de violação criminal, seja xenofobia, racismo ou outras condutas impróprias. Já presenciei várias”, alerta.


O movimento, que, no futuro, pretende constituir-se como uma associação, foi criado numa época de campanha para as eleições da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM). Taynã Noschese já reuniu com os candidatos à direcção. No entanto, lamenta que “não haja referência aos alunos internacionais nos manifestos nem nos debates”.


“O debate sobre estudantes internacionais é algo emergencial. Tem de se tornar num discurso cultural no seio da AAUM. É fundamental porque estas questões tem influência na desistência do Ensino Superior e no desinteresse escolar”, exige.

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Tiago Barquinha
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