Alumna vive pandemia em Israel. “Estão a começar a haver muitas crianças internadas”

Chama-se Sílvia Carvalho, estudou Biologia Aplicada na Universidade do Minho e mudou-se para Israel, há cerca de dez anos. Atualmente, é research associate, no Weizmann Institute of Science. Em declarações à RUM, esta antiga estudante explicou como está a viver a pandemia, num dos países com maior taxa de vacinação, mas também mais afetados pela Covid-19.
Um em cada três israelitas já foram vacinados, uma fração muito maior do que a de qualquer outro país, mas em Israel, apesar da intensa campanha de vacinação, o número de pessoas infetadas continua a aumentar.
Entre os 9,1 milhões de habitantes , encontramos uma antiga estudante da academia minhota, natural de Braga, que já recebeu as duas doses da vacina da Pfizer/BioNtech. Sílvia foi uma das 200 mil pessoas que diariamente estão a ser vacinadas. “Apenas uma dor no local da vacina”, adiantou Sílvia. Amigos e familiares também nao apresentaram sintomas.
Em Israel, também já se sente o cansaço de um ano em constante confinamento e restrições. O Governo decidiu prorrogar pela terceira vez o confinamento imposto em 27 de dezembro à população israelita, o terceiro desde o início da pandemia, depois de Janeiro ter sido o mês mais mortífero. Escolas e comércio estão fechadas, há dever de recolhimento obrigatório, “mas as pessoas andam na rua”. Recorde-se que as multas para os comerciantes e escolas que não cumpram o confinamento passaram neste país de 5.000 para 10.000 shekels (2.500 euros).
País marcado pelos “confrontos com ultraortodoxos, que estão em contante negação do que se passa”
O dia-a-dia tem sido marcado por “confrontos com ultraortodoxos, que estão em contante negação do que se passa”. “Não querem fechar as escolas religiosas, casais com sete ou oito filhos coabitam em zonas pequenas e nao querem fechar as escolas, por isso as taxas de infeção mantêm-se altas”, revelou. Recentemente foi noticiado que o enterro de um rabinomotivou uma violação do confinamento. De acordo com a lei, apenas 20 pessoas a acompanhar um funeral, mas milhares concentraram-se para a homenagem.
A vacinação começou já a reduzir o número de internamentos “de pessoas com mais de 60 anos”. No entanto, adiantou Sílvia, “estão a começar a haver muitas crianças internadas, algumas em mau estado, por causa das novas variantes”.
A antiga estudante da UMinho considera que face ao baixo número de mortes no país, no início da pandemia, comparativamente ao resto do mundo, os israelitas desvalorizaram o vírus. A meteorologia parece ser também aliada.
Segundo os especialistas, o sucesso da campanha de vacinação israelita não permite retirar conclusões sobre a imunidade de grupo, dizem especialistas.
Desde dezembro, Israel já vacinou cerca de 3,2 milhões de pessoas (35% da população), das quais 1,8 milhões já receberam uma segunda dose, num total de cinco milhões de doses administradas, sobretudo em pessoas idosas.
Hoje, o Ministério da Saúde anunciou que vai estender a vacinação a todas as pessoas com mais de 16 anos a partir de quinta-feira.
