Alumna em Madrid diz que “hospitais já conseguem dar resposta aos internamentos”

Susana Almeida ia casar a 2 de Maio, em Braga. Vinha de Madrid, cidade onde vive e trabalha, para cumprir um sonho, que ficou adiado. Foi apenas uma das muitas pessoas a quem a pandemia trocou as voltas.
No dia em que iria dizer “sim”, a jovem continuava em Madrid, sujeita a isolamento social. No mesmo dia, e, passados “50 dias de confinamento”, o Governo espanhol decretou um horário para que os cidadãos possam ordeiramente sair à rua. Para Susana, esta é uma pequena luz ao fundo do túnel, mas que pode “regredir” se as pessoas não cumprirem as regras.
No plano, explica Susana, contam “horas próprias” para cada faixa etária: “As crianças podem sair entre as 12 e as 19 horas; adultos das 6 às 10 horas da manhã e das 20 às 23 horas; as pessoas com mais de 70 anos podem sair entre as 10 e as 12 horas e das 19 e às 20 horas”. Contudo, os cidadãos apenas estão autorizados a sair durante uma hora e até um quilómetro de distância e podem estar acompanhados por uma pessoa que partilhe a mesma residência, desde que mantenham a distância de segurança.
“As pessoas já começam a ficar fartas e a desleixar-se com máscaras e luvas. Se deixarem as protecções em casa e começarem a sair quando lhes apetecer isto vai tudo regredir”, alerta a jovem.
O caminho foi longo e duro, até aqui. “Eram mil pessoas infectadas por dia e quase mil a morrer. Aqui, em Madrid, tiveram que utilizar uma pista de gelo para uma morgue improvisada e um pavilhão, à semelhança da Exponor, para um hospital gigantesco de campanha”, recordou Susana.
Entretanto, depois do pico, a morgue foi fechada (a semana passada) e o hospital de campanha também fechou portas na sexta-feira, “porque os hospitais já conseguem dar resposta a todos os internamentos”. “Está a melhorar”, afirmou. Durante o período de confinamento, Susana revela que, quando saía à rua, as pessoas que mais se encontravam no exterior eram “as de grupos de risco, ou idosos ou pessoas com doenças”. Em sentido inverso, os jovens são os que têm mais consciência e ficam em casa”.
“No início, as pessoas pensavam o típico: que era mais uma gripe e que passava”, começou por contar.
Depois, revela a jovem, “houve um período de pânico”. “Tenho muitas amigas brasileiras aqui, que estavam longe da família, e que estavam preocupadas, porque não sabiam o que fazer se lhes acontecesse alguma coisa”, acrescentou. “Hoje em dia, as pessoas estão em casa, mais calmas”, finalizou.
