Alojamento. “Da parte dos Governos não houve capacidade para apoiar as instituições”

O ministro da Educação, Ciência e Inovação considera que “não foi feito, ao longo de décadas, em Portugal, por parte das Instituições de Ensino Superior, um investimento em residências universitárias”. Fernando Alexandre, em entrevista à RTP, esta segunda-feira, referiu ainda que não basta ter um quarto, sendo necessário “ter um quarto com condições, para que o aluno possa ter sucesso académico”.

A falta de camas para estudantes universitários é um dos grandes desafios do arranque de mais um ano letivo. Em Braga, o aluguer de um quarto varia entre os 170 e os 500 euros.

O reitor da Universidade do Minho, Rui Vieira de Castro, admite que “a capacidade de resposta às necessidades de alojamento sustentável do ensino superior está claramente aquém daquilo que seria necessário”. Ainda assim, acrescenta, “as instituições foram sucessivamente alertando as entidades responsáveis para este facto”. “Da parte dos Governos não houve capacidade para apoiar as instituições neste particular, e as instituições atravessaram períodos que, do ponto de vista financeiro, foram muito críticos e que retiraram qualquer capacidade de atuarem autonomamente na busca de soluções para os problemas colocados pelo alojamento”, apontou o responsável. Rui Vieira de Castro diz que “as universidades fizeram o seu papel e, no caso da Universidade do Minho”, o reitor garante que “há muito que foi insistindo junto aos responsáveis políticos para a necessidade de se atender a esse aspeto em particular”. “Para a UMinho seria totalmente impossível ter avançado com a construção das residências, sem dispor dos apoios da parte do Estado”, frisou.

Também a presidente da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUMinho) lamenta que, nos últimos anos, “o número de camas se mantenha igual”. “Os preços do alojamento privado têm aumentado, já estão nos 350 euros por quarto”, acrescentou. Margarida Isaías espera que “em 2025 haja novidades melhores neste sentido”.

A representante dos estudantes admite que “houve uma falta de investimento por parte das universidades nas residências universitárias”, mas, lembra, “também não houve investimento por parte do Estado”. “O Estado também apoia as residências universitárias quando define um teto máximo de apoio por quarto de um estudante bolseiro e é um valor que não chega para cobrir as despesas”, ou seja, “não permite que os Serviços de Associação Social tenham dinheiro para fazer a manutenção ou até a reabilitação dessas mesmas residências”.

Quartos podem custar 600 euros por mês


Se consultarmos alguns dos sites de aluguer de quartos, conseguimos perceber que, por exemplo, um quarto com wc privativo e com despesas incluídas, na Avenida Antero Quental, pode custar 520 euros por mês ou chegar mesmo aos 600 euros.

A maioria dos anúncios apresenta valores acima dos 250 euros, ainda que também se encontrem opções para 150 euros. Em Guimarães, os preços são semelhantes. Nas opções disponíveis na cidade berço, há também que alugue um apartamento com quatro quartos, sendo que o valor da renda mensal por todo o espaço é de 1300 euros.

Os SASUM dispõem atualmente de quatro residências universitárias, com um total de 1399 camas, 845 em Braga e 554 em Guimarães. Neste momento, segundo informação disponibilizada pelos serviços, a ocupação está acima dos 99%. No caso das residências universitárias, os preços variam. Os estudantes bolseiros pagam 114,00€ por um quarto individual e 84,08€ por um quarto duplo. Os alunos que não têm acesso a bolsa de estudos têm uma mensalidade um pouco mais elevada, 162,00€ para um quarto individual e 124,00€ para o partilhado. 

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Liliana Oliveira
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