AEMinho juntou políticos e empresários para refletir sobre mandatos, ordenados e credibilidade política

Políticos, ex-políticos, juristas e empresários juntaram-se num jantar-debate, promovido pela Associação Empresarial do Minho (AE Minho), onde o prato principal foi “ética na política”. A esse propósito foram servidas reflexões sobre a “relação dos políticos com a política e daquilo que muitas vezes limita ou condiciona a ação dos políticos”.
A iniciativa juntou, no Bom Jesus, Ana Gomes, jurista e política, Carlos Guimarães Pinto, deputado e um dos fundadores da Iniciativa Liberal, Sérgio Sousa Pinto, deputado do PS, Adolfo Mesquita Nunes, ex-secretário de Estado e vice-presidente da Galp, e Jorge Marrão, presidente do Movimento Europa e Liberdade.
Em entrevista à RUM, Ramiro Brito, vice-presidente da Associação, destaca a “reflexão sobre a duração dos mandatos políticos”, ou seja, “se temos uma limitação de três mandatos autárquicos, e faz sentido, que perfaz 12 anos, se faria mais sentido termos dois ciclos máximos de seis anos, na medida em que, assumidamente, as estratégias de governação são assentes num calendário político e quatro anos, que na verdade são três mais um, porque o último ano é o ano pré-eleitoral, é pouco tempo para implementar projetos de fundos para as cidades e para o país”.
A remuneração dos detentores de cargos políticos também foi alvo de debate e, segundo Ramiro Brito, há duas posições sobre o tema: há quem ache que os políticos ganham bastante menos do que deveriam ganhar para as responsabilidades que têm e há quem olhe para a necessidade de termos uma consciência de serviço público, que a decisão se seguirmos para cargos políticos não seja assente apenas no materialismo financeiro.
“Um ex-secretário de Estado partilhou que quando chegou ao Governo percebeu que a administração pública, por defeito, tendo em conta a arbitrariedade do escrutínio e a globalização da informação faz com que facilmente se descredibilize qualquer ação e qualquer pessoa com uma rapidez muito grande. Essa exposição promove, cada vez mais, a não-ação. Há de facto é aqui um receio generalizado em tomar qualquer tipo de ação, porque o vai ser escrutinada não do ponto de vista objetivo, mas do ponto de vista subjetivo e mediático, ou seja, a inação por receio e não por incompetência”, desvendou o vice-presidente da AEMinho.
Ramiro Brito acredita que está dado “o primeiro passo para que o debate em torno destas questões seja uma realidade”. O empresário diz que há consciência política de que mudança é necessária, mas “essa discussão, se não partir da sociedade civil, não vai acontecer”. “Têm de ser as associações empresariais e de outra natureza e os cidadãos a estimular este debate”, finalizou.
A AEMinho quis, com esta iniciativa, promover “a reflexão da comunidade” em torno destes temas, numa altura em que se vive “uma crise de credibilidade política generalizada”.
