Académicas chamam ministro a clarificar declarações, mas saúdam novo modelo de ação social

O Movimento Associativo Estudantil, no qual se inclui a Associação Académica da Universidade do Minho (AAUMinho), exige ao ministro Fernando Alexandre que “clarifique o sentido da afirmação que ontem fez, de que as residências universitárias se degradam mais porque são apenas frequentadas por alunos bolseiros”, considerando que estes espaços deveriam acolher estudantes de diferentes classes sociais.
Num comunicado conjunto, lançado ao início da tarde desta quarta-feira pelas associações e federações académicas, é sublinhado que mesmo que tais declarações tenham sido involuntárias, impõe-se “evitar leituras que possam estigmatizar os estudantes de menor rendimento que recorrem à ação social”.
Vincam ainda que “a degradação das residências universitárias não resulta da condição socioeconómica dos seus residentes, nem do modo como estes utilizam os espaços, mas sim de um problema estrutural há muito conhecido – o subfinanciamento crónico da ação social no ensino superior e a ausência de uma estratégia consistente de investimento, manutenção e valorização das infraestruturas”.
Na mesma nota enviada à comunicação social, o movimento estudantil saúda a proposta de um novo modelo de ação social “que promove equidade de oportunidades, ajustada às diferentes realidades do ensino superior português, expondo uma reconfiguração política de uma proposta anteriormente apresentada”. Ainda assim, as mesmas associações e federações académicas insistem na preocupação com declarações públicas que “possam ser interpretadas como uma associação entre vulnerabilidade social e degradação dos serviços públicos” porque “os estudantes de menor rendimento não são o problema da ação social”.
“Afirmações desta natureza revelam um desconhecimento da realidade social nas IES, que só tendo um financiamento de modelo adequado poderão garantir modelos de gestão responsáveis e manutenção contínua, assumindo as residências como verdadeiros espaços de integração e igualdade de oportunidades no Ensino Superior”.
Por fim e a propósito da reforma em curso, o Movimento Associativo Estudantil permanece “disponível para um diálogo construtivo, exigente, responsável, sempre em defesa dos reais interesses dos estudantes e da dignidade da ação social pública”.
A RUM contactou o presidente da AAUMinho, Luís Guedes, mas sem sucesso desde ontem. Entretanto, a AAUMinho publicou ao início da tarde nas redes sociais o comunicado conjunto assinado pelo movimento nacional.
O documento foi assinado pelas Associações Académicas da Universidade do Minho, de Aveiro, da Madeira, do Algarve, da Beira Interior, de Évora, de Trás-os-Montes e Alto Douro e de Coimbra. Assinaram ainda a Federação Académica de Lisboa, a Federação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico e a Federação Nacional do Ensino Superior Particular e Cooperativo.
