“A semana de 4 dias só funciona se existir uma alteração profunda de todos os calendários”
A sociologia tem dúvidas em relação à aplicação da semana de quatro dias. Em entrevista ao UMinho I&D, a investigadora do CECS – Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Emília Araújo, explica que este é um tema que deve ser mais analisado, não só do ponto de vista económico, visto que pode criar mais desigualdades entre as classes.
A equipa já começou a enviar questionários para empresas da região, de modo a perceber qual a visão que têm sobre este tema. Estão também previstos questionários à população em geral.
Aos microfones da RUM, a docente do Instituto de Ciências Sociais defende que a “semana de quatro dias só funciona se existir uma alteração profunda relativamente a todos os outros calendários”. Isto porque, “não é equivalente ter uma quarta-feira livre ou um domingo”.
“Os nossos ritmos sociais estão organizados de maneira que o domingo está associado à família, festas e tempo livre, enquanto que a uma quarta-feira, a título de exemplo, os filhos estão na escola”, refere.
A investigadora está a trabalhar no projeto “Time.Hub – Políticas de Tempo, Mobilidade e Territórios”. De acordo com inquéritos realizados nos anos 90 e 2000, as mulheres continuam a sofrer de “pobreza do tempo”, ou seja, são mais sobrecarregadas no dia-a-dia, pois para além do trabalho remunerado desempenham tarefas domésticas. Para isto contribui o facto de Portugal ter períodos laborais extensos.
As crianças também são um grupo de risco no que toca a “pobreza do tempo”. Muitas vezes a falta de transportes públicos e a impossibilidade dos pais para garantir a mobilidade casa-escola, faz com que tenham de esperar mais tempo por um autocarro, logo aumenta a fadiga e pode contribuir para um rendimento escolar mais pobre.
– PODE OUVIR A CONVERSA NO PROGRAMA UMINHO I&D NA ÍNTEGRA AQUI –
