“A presença do Ensino Superior em Esposende vai mudar o nosso território”

A instalação do Instituto Multidisciplinar de Ciência e Tecnologia Marinha da Universidade do Minho é um dos projetos estruturantes da Câmara Municipal de Esposende para os próximos anos. Este domingo, em entrevista à RUM no programa Territórios Comuns, o autarca, Benjamim Pereira, sublinhou a ambição deste projeto e o impacto que teria um financiamento comunitário na execução da obra.
Em setembro passado, aquando do arranque do novo ano letivo, o reitor da UMinho, Rui Vieira de Castro, deu conta dos avanços deste projeto.
Recorde-se que o equipamento – uma unidade desativada da Marinha na freguesia de Apúlia, – foi adquirido pelo município ao Estado português por 936 mil euros. O protocolo com a Universidade do Minho está assinado, faltando agora o financiamento europeu. “Desenvolvemos um projeto que custou quase meio milhão de euros, sem qualquer tipo de apoio. Será um projeto estruturante para o concelho e não temos a certeza se será financiado ou não”, lembra o social democrata que aproveita ainda para criticar o facto de o Estado não ter cedido, a título gratuito, esta mesma unidade devoluta.
Benjamim Pereira destaca ao total empenho da UMinho, através do atual e do anterior reitor para a concretização deste projeto “estruturante para Esposende”. “O trazer o ensino superior para Esposende é um desiderato muito antigo que nunca tinha sido possível concretizar e gostávamos muito porque sabemos que vai mudar estruturalmente aquilo que é o nosso território”, admite também o autarca.
Recorde-se que o referido centro estará focado na valorização de recursos marinhos e nos seus subprodutos, tendo como principais domínios científicos e tecnológicos a Biotecnologia Industrial e a Engenharia Médica e como principais setores clientes, a economia circular, a indústria agroalimentar e a Saúde e Bem Estar. A parte científica resultará da aplicação de um protocolo de cooperação formalizado em 2015 entre o município e a Universidade do Minho, em concreto o Grupo de Investigação 3B’S. No concelho está ainda prevista a criação de duas unidades dedicadas à investigação: o Instituto Multidisciplinar de Ciência e Tecnologia Marinha, na antiga Estação Rádio Naval de Apúlia, mas também o Centro de Divulgação Científica de Atividades Marinhas, que ficará sediado no Forte de S. João Baptista.
A instalação do IPCA no concelho é outro dos desideratos e existe também a ambição, por parte da autarquia de Esposende, de que este seja um projeto objeto de fundos comunitários.
Mas há mais apostas definidas para os próximos anos, nomeadamente um novo Centro Municipal de Proteção Civil, a construção de uma ponte pedonal entre as duas margens do Cávado, a Zona Desportiva Norte, assim como a expansão das zonas industriais, já que o concelho de Esposende continua a ter muita procura. Aliás, o autarca fez questão de salientar a taxa de desemprego “residual” em Esposende, só possível devido aos constantes investimentos de diferentes empresas naquele território.
O projeto do Parque da Cidade está praticamente concluído e é mais uma das apostas que vai avançar, “mesmo que não haja garantia de fundos comunitários”, diz.
No programa dedicado à CIM Cávado, o autarca de Esposende lamentou ainda que a visão da Europa nem sempre seja concordante com as ambições de cada território.
“Sabemos o que é importante para os nossos territórios, tentamos construir isso com os meios que temos e nem sempre aquilo que é a visão da Europa para os nossos territórios é concordante com as nossas necessidades. Estamos sempre presentes na preparação da estratégia, mas depois não conseguem demonstrar à Comunidade Europeia para que é que precisamos efetivamente do dinheiro”, acrescenta o autarca em jeito de desabafo.
O programa Territórios Comuns, que foi para o ar este domingo na antena da RUM, pode agora ser ouvido em podcast
