“A CMB quer vender um monumento para alojamento universitário de luxo”

A Plataforma Salvar a Fábrica Confiança afirma que o Município de Braga anunciou hoje “a venda de um monumento” para dar lugar a “uma residência universitária de luxo”, num “negócio imobiliário encapotado” que confirma “um péssimo serviço público”.

É a interpretação da Plataforma constituída por um conjunto alargado de cidadãos e associações bracarenses ao anúncio feito esta quarta-feira por Ricardo RioA antiga fábrica será alienada para dar lugar a uma residência universitária privada. Além da requalificação do edifício principal, no terreno localizado nas traseiras será construído um edifício moderno, de sete pisos, com capacidade para trezentos quartos. O anúncio não surpreende a Plataforma Cívica. “Não podemos dizer que estamos surpreendidos, já tínhamos falado disto, um negócio imobiliário que leva o presidente a alterar a posição que tinha em 2012”, começa por referir Cláudia Sil. 

Na leitura da Plataforma, o Município “propõe um alojamento de luxo destinado a um público diferente e não uma residência universitária” tendo em vista o problema de falta de alojamento para estudantes a preços acessíveis na cidade.

Para os elementos que compõe a Plataforma não há dúvidas de que o edifício “será destinado a estudantes com poder de compra”, como são os de terceiro ciclo, e investigadores. “A CMB vai vender um monumento para favorecer um negócio imobiliário encapotado, com pequenos estúdios que não têm mais nada, e depois o edifício terá serviços complementares como ginásio, spa, supermercados, restauração. Os utilizadores não são os estudantes de 1º ciclo”, alerta Cláudia Sil.

A plataforma lembra que as residências universitárias privadas em Portugal cobram valores entre os 700 e os mil euros, sendo por isso o argumento da resposta aos estudantes da UMinho uma “falsa questão” utilizada pela autarquia.


“Densidade é absolutamente brutal e este é um negócio da China para investidores”, diz professora de Arquitectura da UMinho


Entre os cidadãos que compõe a Plataforma Salvar a Fábrica Confiança está a Arquitecta Maria Manuel Oliveira, docente na Escola de Arquitectura da UMinho e ex-presidente da mesma. Aos microfones da Universitária, condena a decisão de Ricardo Rio considerando que se trata de “um erro crasso”. “Isto é um investimento imobiliário especulativo. A somar a essa situação, tem uma densidade absolutamente brutal. Os espaços verdes não são nada, são uns relvados mínimos para a densidade do edifício”, descreve. A docente condena ainda o que considera uma atitude ‘cínica’ da autarquia ao colocar nas imagens disponibilizadas (meramente especulativas) “um monumento que parece o refazer da chaminé da antiga fábrica”.


Outro dos assuntos que perturba a responsável é a avaliação do imóvel, que baixou de 3.8 para 3.6 milhões de euros numa altura em que o sector imobiliário está em alta na cidade de Braga. “É um negócio da China para os privados que investirem e um negócio desastroso em termos do que a CMB podia vir a ganhar só com o lote de trás”, avisa.  “Quando na cidade, por um T4, nos pedem calmamente em qualquer rua, e não precisa de ser extraordinário, meio milhão de euros, o que significa estar a vender todo este espólio e esta área imensa para trezentos alojamentos, por 3,6ME. Parece-me que é um péssimo serviço público também neste aspecto”, conclui.


A Plataforma Salvar a Fábrica Confiança afirma que “nada está perdido” e promete continuar a lutar para impedir a venda do edifício da Rua Nova de Santa Cruz a privados.

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Elsa Moura
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