“Braga é hoje uma referência nacional”. O balanço de Joana Meneses Fernandes sobre a Braga 25

Com um recorde de 1150 atividades e um alcance que chegou a um milhão e meio de pessoas, Joana Meneses Fernandes apresenta os números finais da Braga 25 numa grande entrevista ao programa Campus Verbal. A administradora executiva da Faz Cultura sublinha que a Capital Portuguesa da Cultura cumpriu o propósito de mobilizar todo o território, mas deixa um alerta claro: o suporte financeiro à cultura não pode recuar após a passagem do testemunho a Ponta Delgada.

O sucesso em números e a aposta na proximidade

Até ao final de outubro, os dados tratados pela Faz Cultura atestam o impacto da Capital Portuguesa da Cultura. Joana Meneses Fernandes destaca que a estratégia passou por envolver os bracarenses em processos ativos:

“Realizámos ao longo deste ano um número muito expressivo de 1150 atividades, que incluem 250 espetáculos, mas também muitas atividades de mediação e de participação. Com este número de atividades conseguimos alcançar cerca de um milhão e meio de pessoas, de público, mas também de participantes ativos e comunidades muito presentes nos processos de trabalho.”

Para a administradora, o sucesso de 2025 é o culminar de um sonho coletivo: “Tudo aquilo que nós imaginámos e sonhámos em conjunto com os bracarenses se concretizou este ano”.

Braga como polo de referência nacional

Um dos maiores ganhos de 2025 foi a elevação do estatuto de Braga no mapa cultural do país. De acordo com a responsável, o feedback dos parceiros nacionais é unânime:

“Sentem que Braga hoje é, do ponto de vista sobretudo da sua programação e também daquilo que é a criação artística contemporânea, uma referência, já não apenas na região, mas no território nacional. E isso é-nos dito muitas vezes e de forma muito espontânea por esses nossos parceiros.”

A presença de instituições como a Companhia Nacional de Bailado ou a Ópera do Teatro Nacional de São Carlos serviu para consolidar esta maturidade artística. “Alcançámos um estatuto de reconhecimento a nível nacional no qual não se deve desinvestir”, reforça.

Encerramento: “Entre Pedra e Bruma” e o legado

O fecho da programação oficial da Braga 25 acontece com o espetáculo “Entre Pedra e Bruma”, simbolizando a conclusão de uma etapa que Joana Meneses Fernandes considera histórica. No entanto, a responsável admite que o maior desafio foi garantir que ninguém ficasse para trás:

“Quando o nosso objetivo é trazer o maior número de vozes possível para uma construção coletiva como esta, a maior dificuldade é sentir que há sempre alguém que fica de fora, por diversos motivos, e apesar de um esforço muito ativo da nossa parte para que esse diálogo seja constante.”

O aviso para o futuro: “Não se deve desinvestir”

Com a passagem do testemunho a Ponta Delgada, a administradora deixa um aviso estratégico para que o trabalho realizado não se perca:

“A capital portuguesa da cultura não deve terminar no dia 28 de dezembro. Este caminho deve continuar e ele necessita, obviamente, de um suporte financeiro e de um investimento na área da cultura. Tudo aquilo que nós conseguimos alcançar em 2025 deve continuar.”

Joana Meneses Fernandes defende ainda a criação de novas infraestruturas, concordando que “faltam espaços de trabalho para as estruturas, para os agentes e para os artistas”, de forma a sustentar o ecossistema cultural nos próximos anos.

A entrevista de Joana Meneses Fernandes ao programa Campus Verbal vai para o ar na próxima terça-feira, 30 de dezembro, às 20h00.