Ricardo Silva propõe reformulação das empresas municipais e TUB a entrar em concelhos vizinhos

Ricardo Silva defende a reformulação das empresas municipais considerando que algumas “têm de dar mais à cidade”, notando que esta seria uma das primeiras estratégias a implementar, caso a maioria dos bracarenses depositasse o seu voto na candidatura independente. O candidato do movimento Amar e Servir Braga explica que é preciso “começar por organizar a casa” e lança algumas críticas ao modelo atual de empresas como a Faz Cultura, os TUB ou a Bragahabit.


Na ótica do candidato à câmara de Braga e atual presidente da junta de freguesia de S. Victor, no caso da Faz Cultura, a empresa municipal não está devidamente articulada com a divisão de cultura do município de Braga. “Olhando para o panorama cultural de Braga, a Faz Cultura parece que faz um tipo de cultura e a divisão [municipal] faz outro. Porque é que não se articulam? Estamos a alimentar duas máquinas que a missão é estruturar um projeto cultural que seja assimilado pela população”, critica.

Sobre a empresa Transportes Urbanos de Braga (TUB), que acumula funções de fiscalização do estacionamento à superfície a agora também do BRT, Ricardo Silva considera que a empresa municipal deveria também “fiscalizar o estacionamento irregular fora das zonas em que o estacionamento é pago”. Essa abrangência permitiria, na opinião do candidato independente, libertaria a Polícia Municipal e até a PSP. Assim, a PM teria mais agentes na rua para uma atuação de fiscalização e proximidade e, por consequência, a Polícia de Segurança Pública não seria “chamada para combater estacionamento ilegal ou verificar licenças de ruído”, passando a estar focada em 

A empres municipal Bragahabit acumula, entre as responsabilidades, o sistema de refeições escolares, mas que não abrange todas as escolas e implica contratos com fornecedores privados. Uma das propostas de Ricardo Silva nesta matéria passa por abranger todo o parque escolar. “À medida que aumentamos a escala de atuação, se calhar conseguimos reduzir o custo e o investimento. Deveríamos equacionar a Bragahabit gerir uma cantina que gerisse o universo de todas as refeições escolares. Se calhar, em escala, conseguiríamos aumentar a qualidade e diminuir o preço”, argumenta.

“A preocupação foi deixar construir onde houvesse terrenos livres e por isso é que nós hoje temos uma cidade que não tem desenho urbano, não tem organização urbanística e dá aspetos hoje de ser uma espécie de pequenino caos”

Braga não tem desenho urbano ou organização urbanística


“Uma cidade sem desenho urbano ou organização urbanística”. É assim que o candidato independente do movimento Amar e Servir Braga olha para o concelho em 2025. Com críticas ao passado e ao presente, Ricardo Silva afirma que é preciso estratégia para Braga e para isso não basta olhar para o PDM.

Questionado a propósito de necessidades identificadas como a conclusão da Variante do Cávado, o Nó de Infias ou a proposta de criação de uma circular urbana externa, Ricardo Silva começa por afirmar que estas três propostas “são uma prova clara da falta de estratégia implementada no concelho”. “Parece que andamos 60 anos atrasados no desenvolvimento. Se calhar o grande reformulador da cidade foi o D. Diogo de Sousa no século XVI. Instituiu uma série de praças, instituiu um modelo de desenvolvimento urbano. Neste paralelo, se calhar só depois Santos da Cunha, precisamente com a abertura da rodovia e com esta preocupação de fazer crescer a cidade no seu perímetro, é que teve a preocupação de fazer cidade.  A partir daí, ninguém teve a preocupação de fazer cidade”, declara.


As críticas começam na governação de Mesquita Machado, do PS, e acabam em Ricardo Rio da coligação Juntos por Braga. “A preocupação foi deixar construir onde houvesse terrenos livres e por isso é que nós hoje temos uma cidade que não tem desenho urbano, não tem organização urbanística e dá aspetos hoje de ser uma espécie de pequenino caos onde, entre o avolumar dos prédios e as ruas que lhe intermeiam, nasceu uma solução meio desengonçada. Precisamos de desenhar a estratégia para o concelho de Braga, mas não basta dizer que se tem um PDM”, critica. No seguimento do raciocínio, o candidato independente defende a identificação de “novas centralidades e novos polos a emergir para desafogar as zonas que hoje estão mais congestionadas”.


“A estratégia habitacional, a estratégia da mobilidade tem que conter, obviamente, em si, não só a questão das vias, mas também a questão do transporte público e dos modos suaves. É preciso perceber que há, dentro destas novas vias, a preocupação de fazer o seu desenvolvimento periférico de forma organizada. A nossa proposta é que o município volte a tomar as rédeas do desenvolvimento urbanístico e saiba desenhar o desenvolvimento territorial. Avenidas largas, praças e zonas habitacionais com coerência”, prossegue. O independente dá como exemplo o que está equacionado para as Sete Fontes “em que se discute o lancil e a pedrinha de chão e o candeeiro e a papeleira, isto é aquilo que o município tem que fazer para todo o concelho”.

Segundo Ricardo Silva, o movimento é defensor da identificação de “novas centralidades com desenvolvimento urbanístico”, resultando não apenas em zonas residenciais, que se complementa com equipamentos, nomeadamente creches, mas numa visão alargada “para que em toda a envolvente possam também surgir novas zonas industriais, áreas empresariais. “Para nós é uma nova estratégia que gostaríamos de implementar, era precisamente ao fomentar a área empresarial com a área residencial ao lado, estávamos a conseguir logo duas coisas:  promover a habitação e acima de tudo reduzir a deslocação em transportes. Estamos muito apostados nisto”, afiança.

Movimento Amar e Servir Braga contra gratuitidade dos TUB. Propõe que os autocarros possam entrar em concelhos como Amares e Vila Verde

O candidato independente Ricardo Silva avisa que não vai prometer a gratuitidade nos Transportes Urbanos de Braga (TUB). A medida foi apresentada pelo candidato da coligação Juntos por Braga há umas semanas, e no passado já foi defendida pelo PS e pela CDU.

A promessa de gratuitidade dos TUB para quem reside em Braga é vista pelo candidato independente como uma “irresponsabilidade”. “Não, não concordo, de todo, porque isso é a pedra de toque para afundar os Transportes Urbanos de Braga. As empresas municipais hoje estão comprometidas legalmente com uma necessidade de fazer gestão de receita. Se nós retirarmos a receita só vai acontecer uma ou duas coisas. Ou afundamos automaticamente e podemos já fazer o funeral aos TUB ou então temos que criar aqui uma estratégia, assim, meia estranha, meia escondida, em que mais uma vez o município vai financiar os TUB. (…) O público que precisa das isenções, os estudantes, a terceira idade, isso já está previsto. Nós apregoarmos a gratuidade só porque sim, só porque fica bonito à boca das eleições, é de uma irresponsabilidade de quem não sabe gerir a causa pública”, sublinha.


Ainda assim, e para ajudar a colmatar problemas de trânsito de entrada e saída em Braga, Ricardo Silva admite que já era tempo do presidente da autarquia se sentar com os presidentes de Amares e Vila Verde e acordar a entrada dos Transportes Urbanos de Braga naqueles territórios.

“Há uma coisa que se calhar Braga a esta hora devia estar preparada para fazer, nem que para isso seja preciso reformular os estatutos dos Transportes Urbanos de Braga: Braga neste momento já devia ter preparado uma negociação com os concelhos limítrofes para os os autocarros [TUB] poderem passar as fronteiras de Braga e ir buscar pessoas a Amares e Vila Verde. Se cada um olhar só para o seu umbigo, obviamente que vamos continuar a ter fluxos de trânsito imensos de quem procura Braga para trabalhar e para se deslocar todos os dias. Portanto, nós temos é que deixar estas capelinhas concelhias e pensar numa lógica muito mais transversal e numa lógica de cooperação”, desafia.


OUVIR ENTREVISTA COMPLETA A RICARDO SILVA


Nesta mesma entrevista, o candidato independente assumiu que apresentar-se para ser presidente da CMB é um caminho “quase lógico”, ele que abordou cenários de governação, entre outros temas.

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Elsa Moura
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