Comemoração do bicentenário de Camilo Castelo Branco traz reedição da obra ‘No Bom Jesus do Monte’

No âmbito das comemorações do bicentenário do nascimento de Camilo Castelo Branco, vai ser reeditada a obra ‘No Bom Jesus do Monte’ de Camilo Castelo Branco. Esta reedição integra a coleção camiliana, composta por 14 títulos a publicar ao longo do ano.
O município de Braga apresentou, esta segunda-feira, o projeto. Para o presidente da câmara municipal, Ricardo Rio, preservar a memória de Camilo Castelo Branco é um “ato de responsabilidade coletiva”. “Temos de criar condições para que aqueles que não o conhecem possam ter a consciência da importância e qualidade da obra, daquilo que é um dos maiores vultos da nossa cultura e da nossa literatura em particular”, referiu.
O concelho de Braga vai acolher, ao longo do ano, várias atividades relacionadas com o escritor. Ricardo Rio destacou o programa Descentrar, onde vão decorrer peças de teatro alusivas a Camilo. Também a Companhia Teatro de Braga vai trazer a palco algumas das obras ligadas ao espólio camiliano.
O cónego Mário Martins, da Confraria do Bom jesus, falou sobre o património que inspirou Camilo a escrever o seu romance e da sua “ligação indissociável”. “Foi neste cenário singular, envolto em beleza e espiritualidade, que Camilo encontrou inspiração para escrever, imbuído da grandiosidade e do misticismo do lugar. O Bom Jesus não é apenas um detalhe profundo para a sua narrativa. É uma presença viva, quase uma personagem, que influencia os destinos das figuras que habitam as suas páginas”, notou. “Que esta reedição seja uma porta aberta para quem quer conhecer melhor Camilo”, acrescentou.
Para o vice-presidente da CCDR-N para a Cultura, Jorge Sobrado, esta iniciativa espera conquistar novos leitores e propõe “um dilúvio editorial”. “O que nos propomos é colocar tantas obras na rua, nos cafés, nas bibliotecas, nas livrarias, que ninguém deixe de tropeçar em Camilo”, explicou.
Jorge Sobrado espera que, desta vez, o trabalho não fique “reservado em caixotes”, como aconteceu com outras obras. “Cada leitor é um ganho”, concluiu.
Refira-se que no passado dia 16 de janeiro, na Casa de Camilo, em São Miguel de Seide, foi celebrado um protocolo de colaboração entre 27 instituições da Região Norte, tendo em vista o estabelecimento de uma parceria para as comemorações do bicentenário de nascimento do romancista. A essas 27 instituições municipais e culturais juntaram-se, entretanto, os municípios de Baião, de Cabeceiras de Basto e da Maia, assim como a Universidade Católica Portuguesa.
Projeto de reabilitação do Jardim de Camilo
O arquiteto Francisco Guedes de Carvalho apresentou o projeto de reabilitação do Jardim de Camilo, que se encontra “num estado considerável de abandono há alguns anos”. Este trabalho faz parte do projeto da terceira fase de requalificação do Santuário do Bom Jesus.
“Foi aqui, neste recanto de serenidade e contemplação, que Camilo se sentou, refletiu, se deixou enamorar e deleitar pelos encantos deste lugar e escreveu. Reabilitar este espaço não é apenas um ato de conservação, mas um tributo ao génio literário que nele encontrou refúgio e inspiração”, destacou o cónego Mário Martins.
