Pipe Poetics: Projeto quer dar ´voz` aos órgãos de tubo da cidade de Braga

O Pipe Poetics vai ser um dos projetos que irá abrir, a 25 de janeiro, a Capital Portuguesa da Cultura 2025. O trabalho que pretende apresentar novas composições para os órgãos de tubos ibéricos da cidade dos arcebispos esteve em destaque na edição deste mês das ´Conversas da Braga 25 na RUM`.
O projeto Pipe Poetics visa promover a criação e apresentação ao vivo de novas composições para este instrumento, cruzando a vanguarda da criação musical e este património único. Em janeiro, maio e outubro, vão passar pela cidade dos arcebispos três compositores contemporâneos, com formações distintas, para trazerem novas abordagens musicais a este instrumento fascinante. A cada quadrimestre, uma nova composição musical será desenvolvida, durante um período de residência, e apresentada numa igreja de Braga: Basílica dos Congregados, Igreja de São Lázaro e Igreja de Santa Cruz.
Luís Fernandes, curador do projeto e diretor artístico da Faz Cultura, adianta que os convidados terão “carta branca” para as suas criações, sendo que o instrumento “primordial” terá de ser o órgão de tubos.
De modo a registar o legado da Capital Portuguesa da Cultura, será realizado um “pequeno documentário sobre cada um dos processos”. O processo estará ao cargo do Canal 180, sendo que também está previsto um “processo de gravação de cada uma das peças”.
A cidade dos arcebispos tem um total de 52 órgãos, sendo que 47 têm mais de 100 anos.
Apesar de este ser um projeto direcionado para os órgãos de tubos ibéricos, José Rodrigues, mestre em património cultural e religioso e diretor artístico do Festival Internacional de Órgão de Braga, alerta para o facto de na Península Ibérica e mesmo em Portugal, existirem diferentes géneros deste instrumento.
“Braga é a cidade do mundo que reúne o maior conjunto histórico de órgãos. Nós temos instrumentos do século XVII, XVIII e XIX, preservados. Isso é a riqueza”, afirma. A primeira imagem de marca do órgão de tubos português é a sua “trompetaria com os tubos a romperem da fachada e projetados para a nave”. Já no que toca ao som “os nossos instrumentos são pequenos em dimensão, mas devido a determinadas características técnicas, têm uma sonoridade bastante pujante”.
Promotores do Pipe Poetics esperam que projeto venha a contribuir para dar voz aos órgãos de tubos da cidade de Braga
De modo a não silenciar o rei dos instrumentos, será premente apostar na formação. José Rodrigues adianta que o caminho está a ser feito, nomeadamente, pelo sucesso do Festival Internacional dentro e fora de portas, porém, ainda faltam escolas e conservatórios que tenham interesse em lecionar esta especialidade.
A preservação deste património é outro dos problemas. “Temos de entender que os instrumentos estão confiados à Igreja Católica, mas não podemos dizer que a sua conservação é exclusiva da igreja”, defende. “A responsabilidade é de todos nós”, acrescenta.
Um dos exemplos de sucesso é o do órgão de tubos da igreja de S. Vítor que foi intervencionado graças ao Orçamento Participativo de Braga.
Neste momento, um dos 52 exemplares da cidade bimilenar que necessita de uma intervenção é o órgão instalado na igreja do Pópulo.
