E se a fruição cultural passar a valer créditos a cadeiras no Ensino Superior?

A proposta é do Plano Nacional das Artes 2024-2029. O programa foi apresentado esta segunda-feira, no Centro Cultural de Belém, e apresenta um conjunto de propostas para as universidades e politécnicos.  

Até 2029 o Plano Nacional das Artes (PNA) pretende intensificar a relação entre as universidades e a cultura ao ponto de propor créditos a disciplinas das mais variadas áreas de ensino superior de acordo com a participação dos estudantes em atividades culturais distintas da região onde estão inseridas.


O comissário do PNA, Paulo Pires do Vale, defendeu esta segunda-feira, aquando da apresentação do PNA 2024-2029, a importância de criação de projetos culturais dentro das próprias instituições de ensino superior.

Apontando que é determinante a consciência do papel da cultura na universidade, o responsável defende um “trabalho com a comunidade e de forma participativa para criar um plano e um projeto para as várias faculdades”.

“A primeira premissa é a do assumir o lugar e da relação com a cultura por parte da própria universidade, de uma forma muito hierárquica, ou seja, está estabelecida como uma relação fundamental para o desenvolvimento daquela comunidade, dos seus alunos, de todas as disciplinas”, aponta.

No que respeita a visitas a museus e espetáculos, a faixa etária entre os 17 e os 25 é praticamente inexistente no nosso país, daí que o PNA apresente também uma proposta às universidades baseada em créditos na formação dos alunos pela frequência de espaços e espetáculos culturais.

Assim, PNA 2024-2029 pressupõe que a formação cultural seja valorizada como formativa. “Ver espetáculos, ir ao museu, ouvir concertos, fazer um workshop de cestaria, isto ser creditado também na formação do próprio aluno parece-nos um caminho que vamos propor e que gostaríamos muito de trabalhar com os politécnicos e com as universidades para que isto possa acontecer”, exemplifica.

A presença dos artistas em meio académico é também defendida no PNA que sugere ainda o “corredor cultural”, que surge de uma ligação às instituições de ensino superior brasileiras, e que já está a acontecer numa das universidades portuguesas. De acordo com o comissário, a Universidade do Porto (UP) está a trabalhar a ligação entre a instituição e as instituições culturais do território. A ideia passa por intensificar a relação entre as diferentes partes.

Presente na sessão, o ministro da Educação, Ciência e Tecnologia, Fernando Alexandre admite que o PNA “faz um esforço para garantir igualdade de oportunidades” num país completamente centralizado e que necessita de mudar esse paradigma. “Há projetos incríveis na região de onde eu venho, do Minho, há muitos anos, muito antes do Plano Nacional das Artes existir, mas o PNA vem adicionar e ligar muitos destes planos que existem”, reflete.

O Plano Nacional das Artes tem como objetivo tornar as artes mais acessíveis aos cidadãos, em particular às crianças e aos jovens, através da comunidade educativa, promovendo a participação, fruição e criação cultural, numa lógica de inclusão e aprendizagem ao longo da vida. Pretende incentivar o compromisso cultural das comunidades e organizações e desenvolver redes de colaboração e parcerias com entidades públicas e privadas, designadamente, trabalhando em articulação com os planos, programas e redes pré-existentes.

Partilhe esta notícia
Elsa Moura
Elsa Moura

Deixa-nos uma mensagem

Deixa-nos uma mensagem
Prova que és humano e escreve RUM no campo acima para enviar.
Carolina Damas
NO AR Carolina Damas A seguir: Português Suave às 19:00
00:00 / 00:00
aaum aaumtv