Estudo da UMinho. Produção de novos astrócitos no cérebro pode atenuar a depressão

Um estudo liderado pela Universidade do Minho concluiu que a produção de novos astrócitos – uma classe de células presentes no cérebro – pode melhorar o comportamento de adultos com doenças neuropsiquiátricas.
Em entrevista à RUM, a investigadora do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Escola de Medicina da UMinho, Luísa Pinto, explica que “os astrócitos são fulcrais a regular aspetos como a comunicação e o ambiente dos neurónios no cérebro adulto”.
“Verificámos que tanto em pacientes como em modelos pré-clínicos (animais) que têm sintomatologia depressiva, existe uma diminuição da formação destas novas células no cérebro, enquanto que os antidepressivos têm a capacidade de recuperar a formação destas células”, refere.
A investigadora destaca a “grande porcentagem” de pacientes que não respondem aos antidepressivos de uso habitual nas clínicas. “Ainda que respondam, existe uma grande percentagem de recaída,de um novo período de depressão”, acrescenta.
Desta forma, com esta descoberta, o grupo de investigação pretende encontrar “novos alvos terapêuticos”, para que os pacientes que não conseguem melhorar com os antidepressivos já existentes, tenham mais possibilidades de tratamento.
Porém, segundo Luísa Pinto, o estudo específico da formação de novos astrócitos tem sido dificultado pela ausência de ferramentas apropriadas, sendo assim negligenciado. “Este facto tem impedido a compreensão do seu papel no cérebro adulto e no avanço de tratamentos para distúrbios ansiosos e depressivos”, constata.
Os astrócitos “nunca foram estudados pela dificuldade que existe, hoje em dia, metodologicamente, de estudar estas novas células”, uma vez que não se consegue modular os astrócitos sozinhos. No entanto, a equipa desenvolveu uma estratégia para os conseguir estudar e caraterizar.
O futuro passa por encontrar “novos caminhos” para tratar várias condições neuropsiquiátricas, com novos fármacos que modulem a produção de novos astrócitos.
No ICVS, Luísa Pinto, Joana Macedo e Eduardo Gomes decidiram avançar neste trabalho pioneiro na área, envolvendo ainda Angelo Lepore, da Universidade de Thomas Jefferson (EUA) e o Centro de Neurociências e Biologia Molecular de Coimbra.
