Prémio Victor de Sá: obras podem vir a ser publicadas pela UMinho Editora

As obras premiadas pelo Prémio Victor de Sá de História Contemporânea podem vir a ser publicadas pela UMinho Editora. O desafio foi lançado pelo reitor Rui Vieira de Castro, no final da 32ª edição, que teve lugar no Largo do Paço, em Braga. Os galardões, recorde-se, foram entregues aos investigadores Bernardo Cruz e João Moreira, da Universidade Nova de Lisboa.
Segundo o presidente do Conselho Cultural, Miguel Bandeira, a equipa já está a trabalhar essa possibilidade, sendo que poderão ser necessárias algumas alterações regulamentares, visto que “algumas das obras a concurso podem já ter sido publicadas”. Poderá estar em cima da mesa uma edição “retrospetiva” das várias edições do Prémio Victor de Sá.
“As origens institucionais da moderação da violência: regedorias e políticas de concentração em Angola (1914-1974)”, foi o tema apresentado por Bernardo Cruz.
O investigador explica que o objetivo do trabalho passou por “perceber como é que os portugueses se distanciaram da equivalência que os movimentos de libertação e a opinião pública internacional faziam entre este tipo de reagrupamentos populacionais e campos de concentração e perceber porque é que isso não era apenas uma questão propagandística, uma questão de mera fachada ideológica. O outro objetivo era perceber como é que essa moderação da violência não era apenas retórica, também tinha contrapartidas muito reais, com custos muito efetivos sobre a população branca civil europeia”.
O investigador deixa críticas ao sistema de ensino anglo-saxónico, visto que o último contacto dos jovens com a realidade do século passado acontece entre os 14 e os 15 anos. Bernardo Cruz frisa ainda a necessidade de olhar para o passado com o distanciamento que ele exige.
Já João Moreira procedeu a uma análise através de “Intelectuais portugueses e a ideia de esquerda num tempo de transição (1968-1986)”.
“Compreender a transformação do panorama cultural português a partir de três intelectuais, António José Saraiva, Eduardo Prado Coelho e João Martins Pereira, que eram representativos de diversas sensibilidades da oposição ao Estado Novo e diversas sensibilidades da cultura da esquerda, em Portugal, no período final do regime do Estado Novo. Perceber essa transformação, a forma como o marxismo foi perdendo centralidade na mundividência de cada um e perceber de que forma o socialismo foi deixando de se projetar como um futuro plausível”, refere.
Este ano, o galardão de maior prestígio de história em Portugal contou com oito trabalhos submetidos dos quais seis são teses de doutoramento e dois de mestrado. A presidente do júri, Fátima Moura Ferreira, destaca o facto de este ano novas áreas científicas terem contribuído para uma melhor compreensão do passado, nomeadamente, economia e gestão e ciência política.
O júri do galardão atribuiu uma menção honrosa ao trabalho “As novas conquistas: agricultura, florestas e colonialismo em Goa (c. 1763-1912)”, de José Miguel Ferreira, que por motivos de saúde não marcou presença na sessão.
Reitor da UMinho deixa alertar sobre o futuro da investigação em Portugal
O responsável máximo da academia, durante o discurso, alertou também para alguns sinais preocupantes que podem levar a regressões no campo da investigação depois de duas décadas e meia de “saltos importantes”. O desinvestimento em unidades de investigação e o fim dos contratos de cientistas com ´provas dadas`, são dois dos argumentos utilizados pelo reitor.
