Antiga aluna da UMinho vive “em sobressalto” em Israel

Sílvia Carvalho, antiga aluna de Biologia Aplicada na Universidade do Minho, estava a tomar o pequeno-almoço na varanda da sua casa, na cidade de Rehovot, em Israel, a 35 quilómetros de Tel Aviv, quando ouviu “um estrondo monumental”. “Aqui, quando ouvimos um estrondo estamos sempre à espera de se seguir uma sirene, mas já nada acontecia há muito tempo”, disse em entrevista à RUM. Logo depois, volta a ouvir um novo estrondo e as sirenes. 

Fugiu, com o marido israelita, para uma espécie de bunker que as novas construções têm. “É um quarto reforçado com cimento, que tem uma porta que tranca na parte interior, ativa um sistema de filtragem dentro do abrigo para o caso de serem utilizadas armas químicas. Há uma janela no quarto, e em caso de rockets há uma janela interior, que é um pedaço de ferro maciço, então temos de trancar essa janela, e no caso de colisão de algum impacto com o edifício, o quarto é suposto aguentar o impacto”, descreveu. Estiveram fechados cerca de duas horas e, nessa manhã, ouviram-se “uns vinte alarmes”. Sílvia diz que já ouviu muitas vezes os alarmes, “mas nunca com este grau de intensidade”.

“Eu nunca imaginei viver isto na minha vida”, confessou. A portuguesa mudou-se para Israel há 12 anos e, por estes dias, garante que a população “vive em sobressalto”. “Não há ninguém na rua, as pessoas estão mesmo naquelas movimentações essenciais, não há água para se comprar no supermercado, porque o exército disse que as pessoas deviam ter água em casa para poderem sobreviver durante três dias, portanto, foi uma corrida aos supermercados, as prateleiras estão vazias”, explicou. Em Rehovot, qualquer barulho assusta e as pessoas “estão sempre a olhar para um lado e para o outro completamente desconfiadas”.

“Há três noites que quase não durmo, porque é uma mistura de stress, com aviões sempre a sobrevoarem”, referiu. Sílvia é investigadora num instituo da cidade e “tem amigos que foram para o exército, e que estão nas linhas da frente”.


“As pessoas estão a começar a andar armadas”



“É inacreditável que uma coisa destas esteja a acontecer, e da mesma maneira que estou a dizer isto em relação a Israel, porque vivo aqui, também é de partir o coração ver o que está a passar em Gaza, estas pessoas também são reféns do Hamas. É uma tragédia o que está a passar nesta parte do mundo,”, referiu a portuguesa.

A investigadora, na área da oncologia, só voltou ao instituto dois dias depois dos primeiros ataques, mas, “como não se sabe quanto tempo isto vai durar, a vida tem que continuar”, mas longe da normalidade a que estava habituada. “Vou com o carro trancado, porque agora está tudo com aquela sensação que a qualquer momento pode haver um terrorista que entrou no país e estão a raptar e a matar indiscriminadamente”, atirou.

As saídas de casa têm que ser todas planeadas, para assegurar que no trajeto “há prédios, para em caso de a sirena tocar”, se poder esconder.

“As escolas estão fechadas, mas estão a pensar abrir as universidades, os supermercados estão a funcionar, mas já não há entregas online”, exemplificou. Sílvia Carvalho adianta ainda que “as pessoas estão a começar a andar armadas e o presidente da Câmara aprovou que, se as pessoas tiverem autorização para porte de armas, podem formar uma espécie de milícias na vizinhança e fazer vigilância”.

“Eu adorava voltar para Portugal, se pudesse, mas, infelizmente, o meu marido é israelita, ele tem um problema de saúde e tem um tratamento a cada dois meses. Portanto, neste momento, não é uma possibilidade”, revelou a portuguesa. Segundo Sílvia Carvalho, “a Embaixada de Portugal em Israel tem sido miserável para os cidadãos portugueses”. “Não conseguimos contactar a embaixada e a embaixada não nos contacta”, referiu. 

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Liliana Oliveira
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