Cada vez mais famílias [portuguesas e estrangeiras] batem à porta da Cáritas de Braga
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O presidente da Cáritas de Braga, João Nogueira denuncia que são cada vez mais as famílias que trabalham mas não conseguem fazer face às suas despesas e que, por isso, estão a recorrer à ajuda da instituição minhota. Em causa está, essencialmente, o aumento do preço das rendas na cidade e na região. Entretanto, a contínua chegada de famílias estrangeiras ao concelho, muitas delas sem conhecer a realidade atual, fez disparar o número de pedidos de ajuda.
Em entrevista à RUM, João Nogueira diz que o fundo de solidariedade da Arquidiocese de Braga está nesta altura praticamente todo direcionado para ajudar famílias no pagamento de rendas. “Muitas das nossas famílias, não fossem os apoios sociais, estariam não na pobreza mas muito abaixo disso”, começa por alertar o dirigente para logo acrescentar que “a questão habitacional é o exemplo mais dramático”. “Temos pessoas que não conseguem cumprir as suas obrigações, apesar de trabalharem”, denuncia.
Em apenas um ano, as ajudas de apoio à renda através do fundo da Arquidiocese rondam os 40 a 50 mil euros, mas os pedidos continuam a dar entrada.
“Já nos chegaram pessoas diretamente do aeroporto que se instalam na Cáritas. Pensavam ter apartamento e tudo pronto para recomeçar e não têm nada”
Há quem aterre no aeroporto e se desloque diretamente para a porta da Cáritas de Braga depois de ter sido enganado
O flagelo das famílias portuguesas é real, mas a contínua entrada de estrangeiros no nosso país em busca de uma vida melhor, mas com pouca informação sobre o aumento do custo de vida dificulta ainda mais a resposta da Cáritas de Braga. Chegam do Brasil, da Colômbia, da Venezuela, mas também de África e da Ásia e muitos deles não encontram aquilo que esperavam quando fizeram as malas rumo a uma vida melhor. Sem trabalho, sem documentação e sem alojamento, batem à porta da Cáritas a pedir ajuda.
O presidente da Cáritas de Braga prefere não falar em redes organizadas, mas fala num fenómeno complexo de travar e admite que, nalgumas situações, alguns estrangeiros aterram em Portugal e batem diretamente à porta da instituição.
A Cáritas de Braga está nesta altura a acompanhar uma estrutura de alojamento temporário para migrantes com capacidade para vinte pessoas e sistematicamente lotada. Muitos chegam “sem qualquer tipo de documento”.
Entre os primeiros procedimentos, a Cáritas de Braga procura um trabalho ainda que isso não signifique ter dinheiro para pagar um apartamento ou uma casa. Entre as medidas paliativas, estas famílias alugam um quarto, e estão até a ser encaminhadas para fora do concelho de Braga tendo em conta os preços praticados.
Em Braga um quarto pode significar 600 euros, em Vila Verde, 300 a 350 euros. “Estas situações estão a acontecer com regularidade”, acrescenta até porque Braga “não tem capacidade para acolher pessoas” que chegam sem trabalho e sem dinheiro. “Temos tentado, até com recurso às paróquias, aproximar estas pessoas de meios mais rurais”, diz.
No que respeita ao acompanhamento da população idosa, “muita a viver mal, só e totalmente desamparada”, a Cáritas de Braga presta vários apoios, nomeadamente à medicação, apoio alimentar e até de vestuário.
Tendo em conta o primeiro semestre de 2023, de janeiro a junho foram acolhidas 63 pessoas na Estrutura de Acolhimento Temporário (EAT), 156 pessoas no Centro de Acolhimento de Emergência (CAE), integradas 8 pessoas em apartamentos partilhados, 130 apoiadas pelo espaço igual, 1981 atendimentos realizados (1333 social + 648 espaço igual), 12.673 refeições servidas e 223 cabazes entregues.
O apoio monetário foi contabilizado em 27.158,94€. A Cáritas de Braga apoiou 108 pessoas com projetos de empregabilidade.
