“Nenhuma cidade com origem romana em Portugal sabe tanto de si própria como Braga”
Há 25 anos que a Universidade do Minho (UMinho) conta com uma licenciatura em Arqueologia. A data está a ser assinalada esta quinta e sexta-feira, com diversas atividades a decorrer no auditório B2 do campus de Gualtar, em Braga. A conferência ‘O papel da UMinho no desenvolvimento da arqueologia nacional’, proferida pelos professores aposentados da academia minhota Manuela Martins e José Meireles, foi um dos momentos da programação.
Em entrevista à RUM, Manuela Martins destaca o impacto do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido no território bracarense e na própria comunidade. “Nenhuma cidade com origem romana em Portugal sabe tanto de si própria como Braga”, defende a professora, salientado o “papel da arqueologia, como área científica de intervenção, no património”.
De acordo com a professora, “a arqueologia, desde que se instalou na Universidade do Minho, esteve sempre ligada à defesa do património e à recuperação da memória da cidade de Braga”.
“Intervenção no acampamento militar romano em Arcos de Valdevez tem potencialidade para se tornar um projeto emblemático a nível nacional”
A professora destaca alguns dos projetos previstos, nomeadamente a musealização das ruínas arqueológicas da Ínsula das Carvalheiras que “vai finalmente arrancar”. Também a intervenção no acampamento militar romano, descoberto em 2019, no Alto da Pedrada, em Arcos de Valdevez, tem, na opinião de Manuela Martins, “potencialidade para se tornar um projeto emblemático a nível nacional”.
Por sua vez, o professor José Meireles lembra o trabalho desenvolvido até à implementação da formação em Arqueologia nos moldes atuais. “Foi um projeto difícil de manter pelo esforço que exigia ao corpo docente. Durante muitos anos, a formação prática de campo em arqueologia em Portugal era acessório”, recorda, sublinhando a importância e a complexidade do trabalho que “reverte para a região, para a sociedade e para os próprios alunos”.
Na sexta-feira, entre as atividades programadas, destaque para a conferência sobre a ancestralidade das populações do Norte de Portugal, pelo arqueo-geneticista Pedro Soares, da UMinho, agendada para as 9h00.
