Ministra diz que sistema científico não está preparado para ser financiado apenas pelas universidades

A ministra da Ciências, Tecnologia e Ensino Superior quer que o trabalho desenvolvido pelas universidades assente numa base de confiança. Elvira Fortunato esteve ontem em Barcelos, no Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA), para participar numa conferência sobre a revisão do Regimento Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES).


A governante considera que o sistema científico português não está ainda preparado para ser financiado apenas pelas universidades. “Eu aceito que neste momento nós crescemos muito, estamos muito mais maduros, mas ainda acho que não estamos maduros ao ponto de seguirmos modelos utilizados nas universidades nórdicas em que a investigação é toda financiada via universidades. Temos que trabalhar mais dentro das nossas instituições, porque mesmo com a maioria de todos os docentes a terem exclusividade, porque a exclusividade é exatamente para parte do tempo ser utilizado na investigação, se nós fizermos alguns cálculos, vamos observar que há heterogeneidades muito grandes que têm que ser corrigidas internamente e acho que se não existir ainda esta separação o sistema pode colapsar”, afirmou Elvira Fortunato.

Para a ministra, o sistema cresceu, mas de uma “forma desorganizada”. “Temos desde laboratórios, laboratórios associados, unidades de investigação, laboratórios colaborativos, centros tecnológicos de interface, temos muitos centros e alguns são a mesma coisa”, exemplificou. A responsável pela pasta da Ciência e Ensino Superior considera que esta desarrumação pode prejudicar as estruturas, sobretudo, ao nível do financiamento. “O financiamento não é muito e de outra forma não terá efeito”, ressalvou.

Elvira Fortuna espera que o setor possa “trabalhar mais numa base de confiança”. “Desde que cheguei ao Governo, não imaginava a quantidade de documentos que tinha que autorizar. Isto é uma prática que é interna e que se reflete, depois, em todo o sistema. Uma das minhas bandeiras tem sido também a burocracia, porque muitas destes atos se prendem exatamente com processos burocráticos que, na minha opinião, não devem existir”, disse.

A governante apela a que se se usem os “recursos, não para conferir faturas, mas para fazer coisas bem mais interessantes”.

O modo como é eleito o reitor ou o presidente dos Institutos Politécnicos deve ser revista, concorda a ministra. “Somos um país tão pequeno que acabamos por ter os membros externos, que são pessoas que se reformam do público, de uma universidade e depois vão para um politécnico, e andam ali nos Conselhos Gerais, portanto, mas, se calhar, temos mais pessoas e, acima de tudo, mesmo as pessoas que são realmente externas, têm que dar um contributo valioso”, finalizou. 

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Liliana Oliveira
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