Mercado Municipal. PS fala em “péssimo exemplo” de reabilitação; Rio diz que oposição está a “alucinar”

O PS denuncia falhas no plano de segurança e falta de condições de operacionalidade do Mercado Municipal de Braga. O presidente da Câmara refuta as acusações e diz que o partido que lidera a oposição “fala do que não sabe”.

Os reparos dos socialistas foram feitos depois de uma visita ao espaço reinaugurado no final de 2020. De acordo com Artur Feio, a informação relativa ao plano de evacuação “não é percetível”, dado o reduzido tamanho do documento e das letras que o compõem, e existem “estruturas em frente a saídas de emergências” que dificultam o abandono do local, em caso de necessidade.

Além disso, alerta para a ausência de bocas de incêndio “em todo o perímetro do edifício e nas imediações”. Nesse sentido, desconfia que “não terá existido uma vistoria formal da Autoridade Nacional de Proteção Civil”. “Se existiu, queremos ter acesso aos documentos que o comprovam”, atira.

Contactado pela RUM, Ricardo Rio esclarece que, sendo um equipamento municipal, cabe à divisão local da Proteção Civil pronunciar-se sobre o plano de segurança, garantindo que esse instrumento teve “a validação necessária”. 

O presidente da autarquia mostra-se “perplexo” com as acusações, falando em “falta de seriedade” e “alucinação”.“Quando os vereadores vão fazer uma visita ao mercado, correm o risco de tropeçar nos hidrantes [bocas de incêndios] que estão localizados em frente à Rádio Universitária do Minho ou no outro lado, junto à saída de baixo do mercado”, responde, exemplificando.

No que diz respeito às saídas de emergências, refere que atualmente há “cinco ou seis” e “nenhuma delas está obstruída”. Ainda assim, admite reforçar o número ou “alargar” as existentes, acrescentando que aconteceu, há cerca de um mês, uma reunião dos serviços municipais em que essa possibilidade foi abordada.

Cognome de «O Reabilitador» gera troca de argumentos

Apesar de ter sido inaugurado há mais de dois anos, Artur Feio considera que, do ponto de vista estrutural, “a obra não funciona”. Além de “chover no mercado”, o socialista dá o exemplo da necessidade de se colocar toldos no interior do edifício, já que, devido ao calor, há “frutas que recozem e flores que queimam”. 

“O município tentou diminuir todo este impacto através da colocação de uns ares condicionados portáteis que também não têm grande utilidade. O problema de base está na conceção do projeto. Tudo isto não foi acautelado”, argumenta.

De acordo com o presidente da Câmara Municipal, “a questão das infiltrações foi levantada logo aquando da abertura do mercado e resolvida pelos serviços”. “O PS parou no tempo”, atira.

Quanto aos toldos, Ricardo Rio garante que os operadores encaram a situação com “tranquilidade” e que “nenhum deles levantou questões sobre essa matéria”. Apesar da “cobertura” montada, explica, “o espaço é exposto ao calor, como acontece com outros locais”, e, por isso, há “a necessidade de os comerciantes protegerem os produtos para que tenham uma qualidade superior”.

Na última reunião de câmara, na semana passada, Artur Feio apelidou Ricardo Rio de «O Reabilitador», tendo em conta a “ausência de obra feita”. Para o socialista, atendendo aos problemas apontados, a obra do Mercado Municipal é “um mau exemplo” de requalificação, acusando a autarquia de “incúria”. Ainda assim, considera que, como “a obra ainda está na garantia, é possível tomar as devidas ações”.

Para Ricardo Rio, “o PS devia ter verdadeiramente vergonha em falar sobre um equipamento que deixou ao abandono durante décadas [quando esteve no poder], pondo em causa condições de higiene e de salubridade”. Atualmente, salienta, é um “espaço reconhecido não só do ponto de vista arquitetónico, como do ponto de vista funcional, pelos operadores, pelos visitantes, pelos bracarenses por ter todas a condições para ser um equipamento excelente”. 

“Em relação àquilo que tem sido a postura dos vereadores, em particular durante estas últimas semanas, a única coisa que não vou conseguir reabilitar é a oposição do PS em Braga”, conclui o edil, fazendo alusão ao cognome atribuído por Artur Feio.