Bracarenses apontam a liberdade de expressão como a maior conquista de 25 de Abril

No dia em que se assinala o 49.º aniversário do 25 de Abril, a RUM foi para as ruas de Braga auscultar os testemunhos dos bracarenses que viveram a Revolução dos Cravos. A maioria fala de um momento de incerteza e medo, destacando a liberdade de expressão como a principal consequência positiva da revolução.

No dia 25 de Abril de 1974, Teresa Gomes, tinha 14 anos e estava em casa, em Braga. “Foi o princípio da liberdade”, começa por dizer, recordando ter ficado também assustada. A bracarense sublinha o impacto positivo que a revolução teve na sua vida. Contudo, considera que “atualmente poderá haver liberdade a mais”. “Agora não temos segurança nenhuma. Ter liberdade, sim, mas devia ser ponderada. As pessoas deviam ser mais conscientes”, defende.

Glória Ferreira recorda-se de ver um edifício a arder no centro da cidade quando saiu do trabalho no dia 25 de Abril. O aumento do salário foi a mudança mais significativa. Contudo, a bracarense acredita que “agora existe liberdade a mais porque, no seu entender, a justiça não funciona”. António Ferreira partilha a mesma opinião. “Vão a tribunal, mas depois são mandados para casa”, critica, acrescentando que é necessário “modificar o sistema de justiça”.

José Oliveira tinha 14 anos e estava a trabalhar numa fábrica quando mandaram embora todos os trabalhadores. “Era criança não sabia o que estava a acontecer ou que não havia liberdade sequer”, admite, lembrando as mudanças que se sucederam. No entanto, considera que “ainda há muito a fazer”, destacando os problemas na habitação que a população hoje enfrenta.

Já António Pinto estava a trabalhar e considera que” as coisas não mudaram para melhor”. “Agora há mais liberdade, mas há pouca educação”, afirma. Rosa Leça estava grávida e diz ter ficado “muito assustada” pela incerteza que se sentia no país.

“Quem estava referenciado pela PIDE não tinha hipótese”

Durante a Revolução dos Cravos, Custódio Pereira era miliciano e estava em Tancos. “Por volta da meia-noite, chamaram-nos e disseram que ia haver uma revolução. Na manhã seguinte, fui com um grupo de militares, com uma máquina de engenharia, uma niveladora, para a zona do aeroporto atrancar a estrada”, recorda.

O antigo militar diz que o seu destino era ir para a Guiné. “Um grupo de jovens tinha andado a pintar paredes e eu, apesar de não o ter feito, fui acusado e a Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) foi inclusivamente a minha casa recolher informações… e quem estava referenciado não tinha hipótese”, conta, confirmando o impacto significativo que a revolução teve na sua vida. Custódio Pereira frisa ainda a importância de relembrar e comemorar esta data.

“Tínhamos medo das autoridades, não podíamos fazer nada”

José Oliveira estava a trabalhar numa pedreira e recorda o receio que sentiu pela possibilidade de uma guerra civil se instalar no país. “Tínhamos medo das autoridades, não podíamos fazer nada”, conta, lembrando os tempos os difíceis que viveu. “Passei muita fome, eu era do tempo da meia sardinha”, refere, frisando que “estamos muito melhor, temos liberdade e podemos andar como quereremos e onde queremos”.

“Senti liberdade, que podia falar aquilo que me apetecia”, começa por dizer Lídia Ferreira que era estudante a 25 de abril de 1974. “Foi um momento único. Sentimos que as coisas iam mudar para toda a gente. Ajudou a que determinadas pessoas vissem que o mundo não era só aquilo que eles esperavam e conheciam. Transformou a mentalidade da população”, refere. 

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Catarina Martins
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