S. Victor precisa de uma verdadeira ‘casa do povo’

O presidente da Junta de Freguesia de S. Victor volta a alertar para a necessidade de transferir os serviços para uma nova sede e defendeu, em entrevista à RUM, a instalação de um Balcão Único Social, desafio que já terá sido lançado ao Município de Braga.
Denunciando as limitações do espaço atual a diferentes níveis, Ricardo Silva, diz que S. Victor precisa de uma “verdadeira casa do povo”. Em entrevista ao programa Campus Verbal, reafirmou que o edifício “está muito desatualizado face às necessidades atuais da Junta de Freguesia para a prática ou para as boas práticas de desenvolvimento da atividade”. Diz que é necessário “um edifício maior” e “melhor” que permita o desenvolvimento de “um programa de atividades bastante mais ambicioso”. “Eu diria quase transformar o edifício da Junta de Freguesia naquilo que seria um conceito quase de ‘casa do povo’, porque nós temos a porta aberta, porque nós recebemos ‘N’ atividades, recebemos muitas instituições e, portanto se nós pudéssemos continuar a servir mais e melhor a população com outras instalações mais condignas ficaríamos mais felizes”, admitiu.
O edifício da antiga Francisco Sanches está atualmente em obras e será transformado num centro cultural. Depois de ter sido equacionada a possibilidade de instalação da sede da junta numa parte do edifício, as conversações entre as partes não chegaram a bom porto. Segundo o presidente de junta, o Município de Braga estaria disponível para ceder um espaço com a mesma capacidade do atual, algo que declinou.
A freguesia de S. Victor tem cerca de 35 mil residentes. Na opinião do autarca, a junta deveria ter um balcão único social.
“Desafiámos a Câmara de Braga a instalar um Balcão Único Social que serviria várias instituições”
“Nunca devemos perder a consciência de que a freguesia devia ser uma espécie de casa do povo. Devíamos, de facto, ter ali um conjunto de serviços que estabelecessem maior proximidade e pudessem cumprir um programa social”, começa por argumentar.
Dando como exemplo, instituições que não têm sede própria, Ricardo Silva admitiu que muitas vezes se sujeita a pessoa que mais precisa de apoio “a um ato de violência extrema” quando entra num espaço e depois é encaminhada para outro serviço social que necessita, mas que fica noutra ponta da cidade.
“Uma pessoa que tem um cancro, uma pessoa que é vítima de violência, uma pessoa que não tem retaguarda familiar, uma pessoa que até já está mais débil das suas faculdades mentais, que não tem este acompanhamento social, sujeitá-la a ir de instituição para a outra, sem o devido acompanhamento, – e obviamente que aqui o ideal era que o Estado Social pudesse ter uma espécie de detetor social – , mas não havendo isto e na possibilidade disto vir a ser constituído, pelo menos vamos, responsavelmente, alocar essas instituições que estão ao serviço da população dentro de um espaço”, exemplificou.
Autarca de S. Victor acusa CMB de dar apenas “tarefinhas” às juntas urbanas
O presidente da Junta de Freguesia de S. Victor, Ricardo Silva, acusa a maioria no executivo municipal de Braga de falta de “arrojo político” por não dar delegar mais competências às freguesias urbanas que, na sua ótica, com outra celeridade, resolveriam problemas no espaço público. Diz que Braga vive, neste aspeto, com “um modelo quase anacrónico e quase analógico”. “Não acompanha as tendências da modernidade, de descentralizar competências, de permitir que aquele órgão que está perto das pessoas, que é a junta de freguesia, aquele que acolhe as pessoas, que está no primeiro embate na defesa das pessoas, não lhe permitir dar mais competências para agir”, critica.
Ricardo Silva sugere ao município que olhe para outras autarquias, nomeadamente Lisboa ou Aveiro e responsabilize as freguesias urbanas para mais do que “tarefinhas” como arranjar o vidro ou a dobradiça da porta da escola. O autarca de S. Victor insiste que é “muito mais profícuo, muito mais vantajoso e muito mais célebre ter um município que descentraliza, que delega, que confia nas Juntas de Freguesia como parceiros”.
O autarca refere ainda a “falta de estratégia do município de Braga” relativamente à degradação da rede viária. “Parece-me que há aqui uma falta de estratégia em criar um e-mail a dizer ‘buracos.braga@cmbraga.pt’. Parecendo um exercício de cidadania, é uma forma encapotada de o município não cumprir os seus deveres. Porque ao município cumpre zelar pelo espaço público. E não basta dizer, ‘ai porque chove muito’ e, portanto, é nesta chuva que os buracos aparecem. Não. Basta andar na avenida Antero de Quental, é um problema de há dez anos a esta parte. A rua José António Cruz é exatamente a mesma coisa. A rua do bairro da Alegria, a rua Quinta da Armada, é um problema todos os dias do ano” atira, sublinhando que a diferença está nas manutenções.
Por fim, o autarca reconheceu ainda o orçamento limitado da Junta de Freguesia de S. Victor, – cerca de 600 mil euros, – valor que impede a instituição de desenvolver algumas atividades e obriga a alguma “imaginação”.
