“Sensibilidade” e “delicadeza” dão o mote para a Bienal de Ilustração de Guimarães

Uma exposição dedicada a Júlio Resende na Sociedade Martins Sarmento é um dos destaques da Bienal de Ilustração de Guimarães (BIG). A quarta edição do evento decorre entre 20 de outubro e 31 de dezembro e passa também por espaços como o Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), Centro Cultural Vila Flor, Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura, Sociedade Martins Sarmento, Teatro Jordão e por escolas do concelho, através de oficinas.
Na apresentação do cartaz, que aconteceu esta segunda-feira, no CIAJG, esteve o curador da mostra ‘A Sensibilidade de Ilustrar’, que tem a parceria do Lugar do Desenho – Fundação Júlio Resende. O trabalho cruza a vertente criativa do pintor e a escrita, através de ilustrações que fez para livros de Sophia de Mello Breyner Andresen, Eugénio de Andrade, Fernando Namora e Ilse Losa, entre os anos 40 e 90.
António Gonçalves destaca a importância de “revisitar” um autor como Júlio Resende, que tinha “a capacidade de visualizar o texto, não no mero sentido de transitar da palavra para a imagem, mas sim promovendo a convivência e a sensibilidade” entre ambos os elementos.
Outros dos atrativos é ‘A Teia da Ilustração’, ciclo de palestras que vai contar com as intervenções de Mariana Rio (ilustradora), Luís Afonso (cartoonista e escritor) e Marcos Farrajota (editor de banda desenhada). A programação cruza-se também com distinções. Além do Prémio Carreira, que pressupõe um valor de 10 mil euros e uma exposição dedicada ao artista consagrado no CIAJG, com a curadoria de Jorge Silva (vencedor do galardão em 2019), estão abertas as candidaturas para sete galardões.
Os interessados podem concorrer até 15 de maio ao Grande Prémio BIG (5 mil euros), Prémio BIG Revelação (mil euros) e cinco Prémios BIG Aquisição (500 euros cada). Os trabalhos selecionados serão expostos no Palácio Vila Flor. Nessa sequência, o Centro para os Assuntos da Arte e Arquitetura vai receber uma exposição de Sebastião Peixoto, autor do desenho do cartaz da BIG 2023 e vencedor do Grande Prémio BIG 2021.
Aposta nos artistas nacionais é para manter
Iniciada em 2017, a bienal vai para a quarta edição. O vereador da Cultura, Paulo Lopes Silva, enaltece “a delicadeza e o cuidado” com que o evento é desenhado, o que ajuda a torná-lo “único”. “Tem permitido afirmar Guimarães como uma referência, como provavelmente o principal evento nacional nesta área”, salienta, destacando ainda a aposta da autarquia, desde a criação do CIAJG até à recente licenciatura em Artes Visuais da Universidade do Minho.
O orçamento municipal de 80 mil euros mantém-se em relação ao passado. O diretor artístico da BIG não esconde a vontade de “acrescentar vertentes e camadas ao evento” em futuras edições. No entanto, considera “prudente manter o figurino”, devido aos constrangimentos económicos resultantes da guerra na Ucrânia.
Sobre a eventualidade de internacionalizar o evento, Tiago Manuel mostra-se reticente, preferindo centrar a atenção nos artistas portugueses. “Temos de garantir condições de trabalho para os nossos artistas. Os portugueses precisam de conhecer primeiro os nossos artistas e só depois os outros”, salienta, reforçando o papel das instituições de ensino superior na formação de ilustradores.
